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México retira seus funcionários diplomáticos do Equador após ruptura de relações

O grupo de 18 pessoas, composto por funcionários e suas famílias, foi levado ao aeroporto acompanhado pelos embaixadores da Alemanha, Panamá, Cuba e Honduras, que garantiram que sua integridade fosse respeitada

Foto divulgada pela agência API que mostra a embaixadora do México no Equador, Raquel Serur Smeke (à direita), deixando o país no aeroporto internacional Mariscal Sucre, em Quito, em 7 de abril de 2024 (AFP Photo/AFP Photo)

Foto divulgada pela agência API que mostra a embaixadora do México no Equador, Raquel Serur Smeke (à direita), deixando o país no aeroporto internacional Mariscal Sucre, em Quito, em 7 de abril de 2024 (AFP Photo/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 7 de abril de 2024 às 16h24.

O México retirou seu pessoal diplomático e fechou sua embaixada em Quito neste domingo (7) após a ruptura de relações com o Equador desencadeada pela invasão policial inédita da sede diplomática para capturar o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

O grupo de 18 pessoas, composto por funcionários e suas famílias, foi levado ao aeroporto acompanhado pelos embaixadores da Alemanha, Panamá, Cuba e Honduras, que garantiram que sua integridade fosse respeitada, de acordo com o governo mexicano.

"Nosso pessoal diplomático deixa tudo no Equador e volta para casa com a cabeça erguida e o nome do México em alto após a invasão de nossa embaixada", informou a chanceler do México, Alicia Bárcena, na rede social X.

Os mexicanos estão viajando em uma companhia aérea comercial após descartarem enviar um avião militar devido às tensões.

A imprensa foi convocada para uma mensagem da delegação, liderada pela embaixadora Raquel Serur, que foi declarada "persona non grata" por Quito, e pelo chefe de missão, Roberto Canseco, que foi detido pela polícia durante a incursão de sexta-feira.

A saída dos diplomatas ocorre depois que o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, declarou a ruptura de relações devido à entrada da polícia na embaixada, um fato nunca antes visto no mundo e condenado por países latino-americanos e também pelos Estados Unidos.

A Nicarágua emulou o México e também rompeu relações com o Equador no sábado.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e as Nações Unidas também rejeitaram essa ação que atenta contra "a inviolabilidade" das instalações diplomáticas consagrada na Convenção de Viena de 1961.

Neste domingo, a Espanha e a União Europeia se juntaram à rejeição, destacando a necessidade de respeito às normas internacionais.

Tensões

Jorge Glas, acusado de corrupção e que foi vice-presidente no governo de Rafael Correa (2013-2018), se refugiava na sede diplomática mexicana desde dezembro alegando ser perseguido político.

A crise diplomática começou na quarta-feira, quando López Obrador estabeleceu um paralelo entre a violência que marcou a campanha presidencial equatoriana de 2023, durante a qual o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado, e a criminalidade que ocorre no México em relação às eleições de 2 de junho.

Segundo o presidente mexicano, o crime de Villavicencio criou um "ambiente de violência" que fez a candidata de esquerda Luisa González cair nas pesquisas e o candidato Daniel Noboa crescer, resultando em sua vitória.

Quito declarou na quinta-feira a embaixadora mexicana como pessoa "non grata", e López Obrador respondeu na sexta-feira concedendo asilo a Glas.

Noboa classificou essa proteção como um "ato ilícito" e defendeu a operação, alegando um "abuso das imunidades e privilégios" concedidos à missão diplomática.

No sábado, a chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, justificou a ação argumentando que havia um "risco real de fuga iminente" de Glas.

O México, que por um século recebeu perseguidos políticos de diferentes países, afirmou que o direito ao asilo é "sagrado" e denunciou como uma "violação flagrante do direito internacional" e de sua "soberania" a invasão de sua embaixada.

Na prisão

Glas, de 54 anos, foi transferido no sábado para uma prisão de segurança máxima em Guayaquil (sudoeste) conhecida como "La Roca" (A Rocha), segundo fontes governamentais.

Em imagens captadas pela AFP, ele é visto com o rosto contorcido enquanto é conduzido com as mãos algemadas por guardas.

Um policial equatoriano guarda, em 1º de março de 2024, a entrada da embaixada mexicana em Quito, onde se refugiou desde 17 de dezembro de 2023 o ex-vice-presidente Jorge Glas, contra quem existe uma ordem de prisão por suposto peculato.

O ex-presidente Correa, exilado na Bélgica desde 2017 e condenado à revelia a oito anos de prisão por corrupção, descreveu os eventos de sábado como uma "loucura" e afirmou que Glas "está com dificuldades para andar porque foi espancado".

O México anunciou que a embaixada permanecerá fechada indefinidamente e que seus cerca de 1.600 cidadãos residentes no Equador poderão ser assistidos por meio de uma rede do governo ou em embaixadas mexicanas em países vizinhos.

México e Equador estabeleceram relações diplomáticas em 1830. Atualmente, o Equador buscava um acordo de isenção de visto e estava em negociações com o México para sua entrada na Aliança do Pacífico.

O México só havia rompido relações com a Espanha de Francisco Franco, o Chile de Augusto Pinochet e a Nicarágua de Anastasio Somoza.

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