A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, gesticula durante entrevista coletiva no Palácio Nacional, na Cidade do México, em 10 de junho de 2024 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 11 de junho de 2024 às 07h41.
Claudia Sheinbaum, presidente eleita do México, se comprometeu, nesta segunda-feira, 10, a realizar uma "ampla" discussão sobre uma reforma constitucional do Poder Judiciário, tema que sacudiu os mercados nos últimos dias.
"No caso da reforma do Judiciário [...] que seja discutida pelos advogados, pelas faculdades de direito, pelos próprios ministros, magistrados", disse a política de esquerda de 61 anos em sua primeira entrevista coletiva, realizada no Palácio Nacional.
O partido governista Morena fez sucesso nas eleições de 2 de julho e, junto com seus aliados, tudo indica que terá dois terços das cadeiras do Congresso bicameral, o que lhe permitirá realizar reformas constitucionais.
O presidente em fim de mandato Andrés Manuel López Obrador propôs mudanças profundas no Judiciário, entre elas que juízes e magistrados sejam eleitos por voto popular.
Isso provocou nervosismo nos mercados, com a bolsa mexicana despencando 6,01% em 3 de junho e a moeda nacional, o peso mexicano, com perda de 4,3% na mesma jornada.
"Não, não acredito que haja impacto. Este processo [de discussão] será aberto e a aprovação [da reforma] se dará em seu devido momento", disse Sheinbaum, ao ser questionada sobre possíveis turbulências nos mercados no processo de transição.
Além disso, a presidente eleita anunciou que se reunirá amanhã com uma "comitiva" do governo dos Estados Unidos, mas sem oferecer detalhes de quem fará parte desse grupo e quais serão os temas tratados.
A política de esquerda, eleita com cerca de 60% dos votos, tomará posse do cargo de presidente em 1º de outubro. Já o novo Congresso inicia suas sessões em 1º de setembro.
Cientista de formação, Sheinbaum disse que a reforma judicial pode ser aprovada "nos primeiros meses" de sua gestão junto com outras propostas próprias, como bolsas para estudantes de ensino primário, ajudas a mulheres de 60 a 64 anos e modificações no sistema de pensões para os trabalhadores do Estado.
Também se comprometeu a manter o princípio de não reeleição no México e anunciou que, na próxima semana, apresentará os membros de seu gabinete.