O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto: de acordo com revista, a Agência Nacional de Segurança (NSA) americana "espionou sistematicamente e durante anos o governo mexicano" (Rodrigo Arangua/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2013 às 07h37.
México - O governo do México condenou uma suposta espionagem do governo dos Estados Unidos e exigiu uma explicação depois que a revista alemã Der Spiegel informou que o serviço de inteligência americano investigou o e-mail do ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012).
"O governo do México reitera a categórica condenação à violação da privacidade das comunicações das instituições e cidadãos mexicanos", afirma um comunicado da chancelaria mexicana.
De acordo com a revista alemã, a Agência Nacional de Segurança (NSA) americana "espionou sistematicamente e durante anos o governo mexicano".
"Esta prática é inaceitável, ilegítima e contrária ao direito mexicano e ao direito internacional", destaca a nota do ministério das Relações Exteriores.
O comunicado destaca um pedido de investigação às autoridades americanas, que deverá ser "concluída rapidamente".
O site da Der Spiegel cita um documento secreto revelado por Edward Snowden, ex-funcionário terceirizado da NSA acusado de espionagem por Washington e asilado na Rússia.
Em maio de 2010, a NSA "explorou com êxito uma chave de servidor de correio eletrônico na rede da presidência mexicana (...) para obter, pela primeira vez, aceso à conta pública de correio eletrônico do (então) presidente Felipe Calderón", afirma o jornal, que atribui a missão a um departamento chamado Operações de Acesso à Medida (TAO, em inglês).
"Em uma relação entre vizinhos e sócios não há cabimento para as práticas que se alega que ocorreram", destacou a chancelaria mexicana.
Em setembro, a rede de televisão brasileira Globo revelou que em 2012 o governo dos Estados Unidos espionou as comunicações do então candidato e agora presidente do México Enrique Peña Nieto, assim como da presidente Dilma Rousseff.
Os dois países convocaram os embaixadores americanos para pedir explicações e Dilma Rousseff adiou uma visita oficial aos Estados Unidos prevista para outubro.
No caso do México, o próprio presidente Barack Obama se comprometeu em setembro com Peña Nieto a realizar uma investigação exaustiva.
De acordo com a Der Spiegel, a missão contra Calderón recebeu o nome "Flatliquid" e o caso pode provocar ainda mais tensão nas relações entre México e Estados Unidos", especialmente por Calderón ter trabalhado em parceria com Washington, muito além de seus antecessores.