Joaquin "El Chapo" Guzman é escoltado por soldados durante a sua apresentação em uma base naval na Cidade do México (Henry Romero/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 23h02.
Cidade do México - Um tribunal mexicano iniciou nesta terça-feira um processo judicial que se vislumbra complexo contra o narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán, enquanto o governo avalia suas opções perante a previsível solicitação de extradição por parte dos Estados Unidos.
O Quinto Juizado de Distrito de Processos Penais no Estado do México ditou hoje o "auto de prisão formal", que implica o início do julgamento penal contra Guzmán "como provável responsável na comissão do delito de delinquência organizada", acusação incluída em uma causa aberta em 2009.
No entanto, o tribunal descartou iniciar um processo contra o réu pela acusação de "delito contra a saúde na modalidade de posse com fins de comércio, na hipótese de venda de cloridrato de cocaína", incluída na mesma causa, "por não estar demonstrada sua provável responsabilidade" nesse crime.
Pouco antes o Terceiro Juizado de Distrito em Matéria de Processos Penais no Estado do México tinha ordenado o indiciamento de Guzmán "por sua provável responsabilidade no delito de delinquência organizada" com fins de narcotráfico, em uma causa aberta em 2011.
Além disso, Guzmán tem pendentes outras acusações acumuladas desde que fugiu de um presídio de alta segurança em janeiro de 2001, que incluem crimes contra as leis sobre armas de fogo, operações com recursos de procedência ilícita e outros.
No entanto, o governo se mostrou cauteloso perante as dúvidas dos meios de comunicação sobre o que fará perante uma eventual solicitação de extradição por parte dos EUA, cujas autoridades já anunciaram que desejam submeter "El Chapo" a julgamento por diversas acusações vigentes nesse país.
A esse respeito, o ministro de Interior, Miguel Ángel Osorio, disse que o pedido seria estudado, mas destacou que antes as autoridades mexicanas requerem "muita informação" do réu para "seguir adiante" no processo contra a insegurança no México.
Posteriormente, "o gabinete de segurança terá que reunir-se para tomar a determinação que melhor convenha", acrescentou.
Por sua parte, o procurador-geral mexicano, Jesús Murillo, disse que nesta terça-feira falou com seu colega americano, Eric Holder, sobre o assunto.
"Me colocou a possibilidade (de que os Estados Unidos peça a extradição). Lhe disse que era um assunto que tínhamos que revisar e atuar em função do que fosse mais conveniente, não só para o México, mas também para eles", afirmou em entrevista a uma emissora de rádio.
Muriilo explicou que estão sendo analisando todas as possibilidades, "não só jurídicas, mas as de conveniência", e sustentou que a detenção de Guzmán "é o início de uma atuação muito mais forte para evitar que se mantenha a organização (o Cartel de Sinaloa)".
"Em consequência, é muito antecipado dar uma opinião agora, eu diria que, pelo menos em breve, não acho que aconteça (a extradição)", opinou.
Por ora, "El Chapo" já obteve do Oitavo Juizado de Distrito de Amparo em Matéria Penal no Distrito Federal uma "suspensão" de qualquer ordem de extradição.
Trata-se de uma proteção provisória enquanto se realiza o julgamento de amparo promovido ontem pela defesa do réu para evitar sua extradição.
"El Chapo", líder do poderoso Cartel de Sinaloa e o criminoso mais procurado pelo México e Estados Unidos durante mais de uma década, foi detido no sábado passado em uma operação lançada por um corpo de elite da Marinha mexicana no porto de Mazatlán, no estado de Sinaloa, banhado pelo oceano Pacífico.
Nesse mesmo dia foi apresentado aos meios de comunicação no hangar da Marinha no aeroporto internacional da Cidade do México, e transferido a uma prisão localizada em Almoloya de Juárez, Estado do México.
Membros dos serviços periciais da procuradoria federal declararam hoje que as análises de DNA, a medição dos traços faciais e a comparação das impressões digitais foram as provas que a instituição empregou para identificar Guzmán.