Bandeiras do México e dos EUA na frente da bolsa de Nova York (New York Stock Exchange) nos Estados UnidosBandeiras do México e dos EUA na frente da bolsa de Nova York (New York Stock Exchange) nos Estados Unidos (Lucas Jackson/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de outubro de 2021 às 15h34.
Última atualização em 15 de outubro de 2021 às 16h03.
O governo do México vai voltar a exigir vistos para brasileiros que desejarem entrar no país, informou um documento publicado nesta quinta-feira, 14, pelo governo mexicano. Ainda não se sabe quando a medida entrará em vigor.
Essa exigência apareceria como forma de desestimular a ida de brasileiros ao México que tentem migrar para os Estados Unidos por terra — a fronteira entre os dois países americanos vive uma crise migratória com alto fluxo de pessoas, incluindo cidadãos do Brasil.
O documento de um anteprojeto com a medida foi publicado nesta quinta-feira pela Comissão de Melhora Regulatória (Conamer), órgão do governo mexicano.
A exigência será temporária, até que os fluxos migratórios estejam "seguros, ordenados e regulares", diz o documento. O governo brasileiro já foi comunicado da decisão.
"A Secretaria de Relações Exteriores comunicou o governo da República Federativa do Brasil da decisão do Estado mexicano de suspender de maneira temporária o acordo para supressão de vistos em passaportes ordinários", diz o texto. O acordo vigorava desde 2013.
O número de brasileiros que têm usado a fronteira com o México para entrar irregularmente nos Estados Unidos aumentou neste ano. Até o final de setembro, 47.484 cidadãos do país foram detidos pela patrulha de fronteira americana, segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA — um aumento de 400% em relação ao ano passado, quando 9.147 foram detidos no mesmo período. É bem mais do que o dobro do registrado em 2019, quando eram 18.000. Entre os detidos pelos agentes de fronteira, os brasileiros são os sextos mais numerosos.
A partir deste mês, os EUA passaram a enviar ao Brasil dois aviões por semana com brasileiros deportados, em vez de um.
Segundo o anteprojeto assinado pelo secretário de Governo mexicano, Adán Augusto López Hernández, a exigência de visto visa responder ao aumento "substancial" de brasileiros que entram no país para outra finalidade que não o turismo.
"Parte dessa situação se reflete nos fluxos migratórios, com a identificação de pessoas cujo perfil não se ajusta ao do turista genuíno e apresenta incoerências em sua documentação e informação, aumentando a possibilidade de que um número significativo de pessoas pretenda utilizar a supressão do visto indevidamente", aponta o documento.
O governo mexicano pede que haja ações conjuntas dos dois países para possibilitar o uso "adequado" da supressão da necessidade de vistos. A medida passa a valer 15 dias após a publicação no Diário Oficial mexicano, o que ainda não ocorreu.
O senador do Partido Republicano dos Estados Unidos Lindsey Graham afirmou, durante entrevista a uma rede de TV, que 40.000 brasileiros cruzaram a fronteira entre os Estados Unidos e o México "usando roupas de marcas e bolsas da Gucci".
Ele, que faz parte do partido de oposição ao presidente Joe Biden, fez a afirmação à rede Fox News nesta quarta-feira, 13, mas não apresentou evidências do que afirmou.
"As escolhas políticas de Biden estão pelo mundo. Nós tivemos 40.000 brasileiros só no posto de fronteira de Yuma, indo para o estado de Connecticut usando roupas de marcas e bolsas da Gucci. Isso não é mais imigração econômica. As pessoas veem que os Estados Unidos estão abertos e tiram vantagem de nós, e não vai demorar muito para que um terrorista se misture a essa multidão."