Migrantes no México: no domingo, um hondurenho morreu com o impacto de um projétil de borracha que teria sido disparado por policiais mexicanos (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
AFP
Publicado em 29 de outubro de 2018 às 17h52.
As autoridades mexicanas blindaram nesta segunda-feira, 29, sua fronteira com a Guatemala para conter a passagem de milhares de hondurenhos que tentam chegar aos Estados Unidos, constatou a AFP.
O México mobilizou a tropa de choque na fronteira, deslocou lanchas da Marinha no fronteiriço rio Suchiate e instalou arame farpado nos portões metálicos na ponte sobre o curso d'água para dissuadir os hondurenhos a continuarem a perigosa travessia a pé.
No domingo, um hondurenho morreu com o impacto de um projétil de borracha, disparado por policiais mexicanos que tentaram conter mais de mil migrantes, disseram migrantes testemunhas no local.
Os distúrbios ocorreram na ponte fronteiriça entre Guatemala e México, quando um grupo de migrantes exigia das autoridades mexicanas que abrissem o portão para seguir aos Estados Unidos.
Embora socorristas e migrantes tenham assegurado que os policiais usaram balas de borracha, o secretário mexicano de Governo (ministro do Interior), Alfonso Navarrete, negou que a polícia seja responsável pelo falecimento do jovem hondurenho e afirmou que os militares "não portavam arma nenhuma, nem sequer balas de plástico, que são consideradas não-letais".
Os incidentes com a polícia mexicana ocorreram horas depois de os migrantes hondurenhos vencerem o cerco de segurança do lado guatemalteco, embora não tenham podido passar o portão de grades para acessar o lado mexicano.
Seis embarcações da Marinha mexicana percorriam nesta segunda-feira as águas do rio Suchiate para evitar que os migrantes entrem em seu território em balsas artesanais feitas com grandes câmaras de gás ou a nado.
Um migrante hondurenho contou que nesta segunda voltaram a tentar entrar em território mexicano à força se as autoridades migratórias os impedirem de continuar viagem aos Estados Unidos.
Enquanto isso, uma caravana de migrantes hondurenhos que iniciou seu périplo em 13 de outubro, continuava seu caminho pelo estado mexicano de Oaxaca (sul) rumo ao norte, com 7.000 pessoas, segundo a ONU.
Um alto funcionário americano disse que seu governo poderia enviar 5.000 militares à fronteira com o México para impedir a entrada dos centro-americanos, publicou o jornal The Wall Street Journal.
A ameaça não deteve o avanço da caravana no México, que partiu do povoado de Tapanatepec rumo à cidade de Niltepec, em Oaxaca.
"Por favor, voltem, não serão admitidos nos Estados Unidos a menos que passem pelo processo legal. Isto é uma invasão do nosso país e nossos militares os estão esperando!", escreveu o presidente americano, Donald Trump, no Twitter, a respeito da caravana migratória.
A Polícia Nacional Civil da Guatemala também reforçou a segurança no município de Ayutla, onde está a passagem fronteiriça de Tecún Umán, com o envio de mais agentes antimotins e postos de revista para os que tentarem chegar à ponte internacional.
Os agentes registram seus pertences e até os sapatos das pessoas que entram na longa ponte de cimento.
"A segurança e a ordem do município serão assumidas a partir deste momento pela Polícia Nacional Civil, a Polícia Municipal de Ayutla e o Exército da Guatemala, com a finalidade de salvaguardar a vida dos vizinhos ayutlecos", informou a municipalidade de Ayutla em um comunicado.
As instituições decretaram um alerta preventivo para não sair de casa à noite e proibiram a venda de bebidas alcoólicas, acrescentou.
Também proibiu a venda de gasolina e outros produtos inflamáveis aos migrantes, assim como recomendam evitar o confronto com os migrantes hondurenhos.
As entidades dessa população também se preparam para a chegada de 350 salvadorenhos, que, no domingo, iniciaram uma caravana com o objetivo de chegar ao território americano.