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Mesmo com coronavírus, milhares de pessoas se reúnem no Iraque

Imprensa internacional estima que "dezenas de milhares de iraquianos" se reuniram em peregrinação neste sábado (21)

Iraque: dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em Bagdá nesta sábado (Agence France-Presse/AFP)

Iraque: dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em Bagdá nesta sábado (Agence France-Presse/AFP)

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AFP

Publicado em 21 de março de 2020 às 10h37.

Dezenas de milhares de iraquianos se reuniram, neste sábado, para uma peregrinação em Bagdá para comemorar uma figura importante do Islã xiita, desafiando o toque de recolher imposto pelas autoridades para impedir a propagação do novo coronavírus.

Em Bagdá, a segunda capital mais populosa do mundo árabe, com dez milhões de habitantes, os peregrinos convergiram para o mausoléu dourado do imã Kazem - o sétimo dos doze imãs xiitas - nas margens do rio Tigre.

Há vários dias, iraquianos a pé, a camelo ou a cavalo, caminharam em direção ao distrito sagrado de Kazimiya (norte), onde está localizado o mausoléu.

Neste sábado, dia da peregrinação, dezenas de milhares de pessoas, "de Bagdá e de outras províncias do Iraque", se aglomeravam nos arredores do mausoléu, disse uma autoridade responsável pelo local sagrado à AFP.

"Este é o primeiro ano em que há tão poucos peregrinos e, pela primeira vez, não há estrangeiros", acrescentou, enquanto todos os anos milhões de xiitas iranianos vêm ao Iraque em diferentes peregrinações xiitas.

O Iraque proibiu, há um mês, as viagens de e para o Irã, um dos países mais atingidos pela epidemia de Covid-19, com mais de 1.500 mortes.

Para a peregrinação do imã Kazem, os fiéis só puderam atravessar o muro do lugar sagrado este ano, "sem poder entrar no mausoléu", segundo indicou o responsável para a AFP.

Em Nassiriya, uma cidade xiita e tribal do sul do Iraque, centenas de peregrinos transportaram, no meio de uma multidão compacta, um caixão simbólico para comemorar o martírio do imã Kazem, que morreu envenenado na prisão pelo califa Harun al-Rachid em 799.

O Iraque, cujo sistema de saúde sofre com uma falta crônica de médicos, remédios e hospitais, fechou todos os lugares sagrados e o grande aiatolá Ali Sistani proibiu orações coletivas.

O dignitário xiita, que interrompeu as pregações de sexta-feira, enviou um de seus representantes para fazer um discurso oficial na televisão estatal na sexta-feira.

Ahmed al-Safi lembrou as instruções do Estado para se confinar em casa e evitar reuniões, sem, no entanto, conseguir convencer os dezenas de milhares de peregrinos que partiram neste sábado.

O influente líder xiita Moqtada Sadr pediu aos seus partidários que participassem da peregrinação, apesar do anúncio das autoridades da morte de 17 pessoas pelo novo coronavírus e da contaminação de outras 208 pessoas.

Esses números podem, no entanto, ser maiores, porque apenas duas mil pessoas foram testadas no país de 40 milhões de habitantes.

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