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Merkel quer incorporação de refugiados a mercado de trabalho

Duas visitas-relâmpago seguidas refletiram hoje a dupla estratégia traçada por Berlim para transformar os atuais refugiados em futuros cidadãos


	Angela Merkel tira foto com refugiado em visita a centro de apoio: "O destino de todas as pessoas será levado a sério", afirmou a chanceler
 (Reuters / Fabrizio Bensch)

Angela Merkel tira foto com refugiado em visita a centro de apoio: "O destino de todas as pessoas será levado a sério", afirmou a chanceler (Reuters / Fabrizio Bensch)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2015 às 14h24.

Berlim - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, vai promover uma reviravolta na política de refugiados para favorecer sua incorporação ao mercado de trabalho, diante da previsível chegada de pelo menos 800 mil solicitantes de asilo e como fator integrador em sua sociedade.

Duas visitas-relâmpago seguidas - a um centro de apoio do bairro periférico de Spandau e a uma escola do distrito multiétnico de Kreuzberg - refletiram hoje a dupla estratégia traçada por Berlim para transformar os atuais refugiados em futuros cidadãos.

Em Spandau, Merkel insistiu na necessidade de acelerar a avaliação das solicitações e, com isso, as possibilidades de uma rápida incorporação ao mercado de trabalho, prévia à oportuna capacitação, para quem chegar ao país buscando refúgio.

Em Kreuzberg, Merkel visitou uma das chamadas "aulas de boas-vindas", onde centenas de menores aprendem alemão e outras matérias, a partir de pontos de vista muito diferentes, que vão desde os casos de analfabetismo até aqueles de quem foi escolarizado em seu país de origem.

"Não posso fazer mais do que felicitar a todos que trabalham aqui por seu trabalho. Assumem com grande compromisso uma tarefa integradora envolvida em enormes dificuldades, enquanto dia a dia chegam ao país milhares de novos solicitantes (de asilo)", disse a chanceler no pátio da escola.

Foram umas visitas muito diferentes daquela realizada 15 dias atrás a um centro de refugiados de Heidenau (leste do país), em um ambiente rarefeito devido aos ataques xenófobos contra albergues de asilados e onde a chanceler foi vaiada por centenas de cidadãos.

Merkel foi aplaudida hoje ao chegar a Spandau, enquanto em Kreuzberg foi recebida com simpatia, segundo contaram professores e alunos ao término da visita, na qual não foi autorizada a presença de câmeras.

A chanceler, que está há dias insistindo em que o apoio de refugiados é "assunto de máxima prioridade" para seu governo, falou sobre o propósito de estabelecer canais ágeis entre o Escritório de Emprego e o Departamento de Migração.

A ministra do Trabalho, a social-democrata Andrea Nahles, informou, em pronunciamento no Parlamento (Bundestag), que serão destinados até 1,1 bilhão de euros à integração dos refugiados no mercado de trabalho.

"O destino de todas as pessoas será levado a sério", afirmou a chanceler, para quem nessa consideração entram tanto as crianças a serem escolarizadas como os adultos que procuram trabalho.

Os desafios logísticos são enormes, lembrou Merkel, enquanto seu vice-chanceler e ministro da Economia - além de líder do Partido Social-Democrata (SPD) -, Sigmar Gabriel, informava ao Bundestag que neste ano chegaram ao país 450 mil refugiados.

Só nos primeiros oito dias de setembro a Alemanha recebeu 37 mil solicitantes de asilo, que serão distribuídos nos 16 Länder (estados), por um sistema de cotas similar ao que a Comissão Europeia (CE, executivo) quer impor entre os membros da UE.

Os cálculos dispararam e aos 800 mil previstos no final de agosto pelo departamento de Interior para todo o ano de 2015 se somarão, pelo menos, os mais de 31 mil que a CE atribuiu à Alemanha dentro do contingente de 160 mil chegados nos últimos dias a Itália e Grécia, e que precisam ser realocados.

Merkel prometeu que a Alemanha assumirá com responsabilidade essa tarefa por causa de sua posição como maior economia europeia e escorada em seu saudável mercado de trabalho.

Gabriel, por sua vez, assegurou no começo da semana que o país está disposto a assimilar meio milhão de refugiados por ano, número que corresponde a um cômputo dos que presumivelmente alcançarão esse status em 2015.

A mudança na política de refugiados representa quase uma ruptura em relação ao que foi a prática nos anos 90, com o fluxo de refugiados procedentes dos Bálcãs.

Em 1992 se atingiu o número recorde de 438 mil peticionários, dos quais dois terços voltaram - voluntariamente ou não - a seus países de origem após o fim do conflito.

O propósito de Merkel agora é transformar alguns refugiados teoricamente temporários em cidadãos integrados, de acordo com a demanda de mão de obra do país e com suas necessidades demográficas.

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