Brexit: o Reino Unido deve deixar a UE no dia 29 de março (/Piroschka Van De Wouw/Reuters)
EFE
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 10h43.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta quarta-feira que espera que o dano causado pela rejeição do Parlamento britânico ao acordo sobre o "brexit" seja o menor possível e que trabalhará por isso, mas alertou que a Europa está preparada para uma saída desordenada do Reino Unido da UE.
"Lamentamos a decisão do Parlamento britânico. Queremos que o dano seja o menor possível e vamos trabalhar por isso", disse Merkel em um comparecimento diante da imprensa.
"Queremos uma saída ordenada, mas estamos também preparados para uma saída desordenada", acrescentou.
Antes disso, o ministro de Relações Exteriores, Heiko Maas, tinha exigido um claro sinal por parte de Londres com relação ao que "deseja do brexit", embora não tenha se mostrado receptivo a possíveis negociações adicionais e nem a atrasar a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), que deve ocorrer emo 29 de março.
Em entrevista à emissora "Deutschlandfunk", Maas lembrou que o Parlamento britânico rejeitou ontem um acordo que tinha sido negociado durante meses e que foi aprovado pelo Governo britânico.
"Mas o que não ficou claro ontem é o que querem realmente os deputados em Londres. Só ficou claro o que não querem, e isso não é suficiente. Agora é a vez do Reino Unido", disse.
Ao mesmo tempo, o ministro se mostrou reticente quanto a possíveis negociações adicionais, já que "se tivesse surgido algo que pudesse ser oferecido ao Reino Unido, já teria sido feito nas últimas semanas a fim de contribuir para que o acordo contasse com uma maioria no Parlamento em Londres".
No entanto, ressaltou que "do que não resta dúvidas é que agora é preciso voltar a conversar" e é necessário que os britânicos digam "que é importante para eles".
Maas acrescentou que agora resta esperar o resultado da moção de desconfiança de hoje contra a primeira-ministra britânica, Theresa May, e disse que uma derrota complicaria ainda mais a situação, porque o Reino Unido necessita nos próximos dias contar com um "Governo estável" para manter conversas com a Comissão Eurpeia (CE).
Por outro lado, explicou que atrasar o "brexit" é complicado, também com vistas às eleições europeias em maio, mas sobretudo, porque para isso seria necessária uma linha clara por parte de Londres.
"Atrasar o prazo só faria sentido se existisse um caminho que Londres quisesse empreender e que tivesse como objetivo que um acordo para o 'brexit'. E até o momento essa não é uma postura majoritária no Parlamento britânico", disse.
O ministro alemão de Economia, Peter Altmaier, afirmou em declarações a um programa de TV que "ainda não está tudo claro. É preciso sober o que os britânicos querem realmente".
Altmaier afirmou que resta tempo até 29 de março "para que Londres esclareça sua posição" e tome uma decisão clara, mas lembrou que "o acordo, substancialmente, não é renegociável".
De qualquer forma, Altmaier advertiu contra um "brexit" duro, que teria grandes consequências não apenas para o bem-estar e os postos de trabalho, porque "todos na Europa sairiam perdendo, ninguém sairia ganhando".