A chanceler da Alemanha, Angela Merkel: "uma coisa é clara: a intervenção militar não é uma opção" (REUTERS/Charles Platiau)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2014 às 09h35.
Berlim - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, descartou completamente nesta quinta-feira a opção militar como reação à crise da Crimeia, mas advertiu Moscou que, se não houver mudanças em sua atitude, na segunda-feira os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) aprovarão novas sanções.
"Uma coisa é clara: a intervenção militar não é uma opção", disse Merkel em declaração de governo no Bundestag (o parlamento alemão), onde manteve sua aposta por uma via tripla de "diálogo, ajudas e sanções".
"Levaremos um longo tempo para resolver a crise, mas temos que enfrentá-la com integridade porque se trata da defesa da integridade de um país europeu", defendeu a chanceler.
Merkel garantiu que a realização do referendo na Crimeia, previsto para este domingo, significa uma clara violação da constituição ucraniana, que proíbe expressamente consultas separatistas.
Segundo ela, a solução passa pela criação de um grupo de contato internacional que torne possível um diálogo direto entre Moscou e Kiev no qual "todos os temas" estejam na mesa, inclusive o direito a autonomia da Crimeia e a proteção das diferentes línguas, embora não a independência da região.
Merkel deixou claro que se a Rússia mantiver suas posições na crise da Crimeia, os ministros das Relações Exteriores da UE que se reunirão na segunda-feira aprovarão a segunda rodada de sanções, que inclui o congelamento de contas, e alertou que todos os sócios comunitários estão decididos a dar novos passos.
"Ninguém quer chegar a tais medidas, mas estamos prontos e decididos a aplicá-las se for necessário", insistiu a chanceler, convencida que, se a Rússia continuar com essa atitude, será "uma catástrofe" que prejudicará não só a Ucrânia, mas os países vizinhos e a relação de Moscou com a UE.
"Prejudicará e gravemente a Rússia, tanto do ponto político como do econômico", advertiu para pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a abordar esta crise com "princípios e métodos" do século XXI e não do século XIX.
A chanceler rejeitou a comparação da crise da Crimeia com a situação vivida em Kosovo, onde a Otan efetuou uma intervenção militar sem ordem da ONU que mais tarde levou à independência dessa antiga província sérvia.
"A intervenção no Kosovo se deu depois da comunidade internacional observar impotente operações de limpeza étnica e de a Rússia bloquear de forma permanente toda resolução do Conselho de Segurança da ONU", disse Merkel.