Merkel: "Haverá questões que possamos fazer juntos (com os EUA) por nossos interesses comuns e haverá também tarefas que no futuro teremos que fazer mais sozinhos" (Yves Herman/Reuters)
EFE
Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 15h48.
Valletta - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta sexta-feira que, "no futuro", a União Europeia (UE) terá que realizar mais tarefas "sozinha" devido às posições do novo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump.
"Haverá questões que possamos fazer juntos (com os EUA) por nossos interesses comuns e haverá também tarefas que no futuro teremos que fazer mais sozinhos", disse Merkel em entrevista coletiva ao término da cúpula europeia realizada hoje em Malta e na qual a mudança de visão na Casa Branca, apesar não estar na agenda oficial, foi um dos assuntos mais comentados.
Entre as questões nas quais a UE está de acordo e poderá continuar cooperando com os Estados Unidos está, de acordo com Merkel, a luta contra o terrorismo islamita.
No entanto, a chanceler reiterou neste ponto que não concorda em lutar contra o terrorismo estendendo uma "suspeita generalizada" em relação a pessoas de "certos países ou certas religiões".
Merkel já tinha se expressado neste sentido para rejeitar o veto de entrada nos Estados Unidos decretado por Trump aos cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Líbia, Síria, Somália, Iêmen, Irã, Iraque e Sudão).
Em outros pontos, prosseguiu a chanceler, UE e Estados Unidos não estarão de acordo, por terem diferentes "interesses", e o bloco comunitário deverá encontrar sua postura de acordo com seus "valores comuns".
"A UE deve agir unida e tomar o destino em suas próprias mãos", ressaltou a chanceler, que citou como exemplo um maior envolvimento na África, a negociação de novos acordos comerciais e o aprofundamento dos esforços em política de defesa.
A Alemanha, ressaltou ela, dará passos por conta própria neste último tema e melhorar suas "capacidades defensivas".
Merkel destacou a necessidade de mostrar uma maior "responsabilidade" quanto ao desenvolvimento econômico e a estabilização política da África, algo relacionado com as políticas para combater as primeiras causas que provocam os fluxos de imigrantes e refugiados.