Simpatizante conversa com Angela Merkel: aos 59 anos, a chanceler alemã é muito popular no país e uma das líderes mais respeitadas no mundo (Bernd Wustneck/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2013 às 11h45.
Berlim - Considerada a mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes, a chefe de governo da Alemanha, Angela Merkel, conquistará, segundo as pesquisas, o terceiro mandato nas eleições legislativas de domingo.
Aos 59 anos, a chanceler alemã — filha de um pastor protestante, casada duas vezes e sem filhos — é muito popular no país e uma das líderes mais respeitadas no mundo. Mas também uma das mais criticadas.
Nascida e formada na ex-Alemanha Oriental, a líder conservadora é chamada às vezes "a chanceler de ferro" pela defesa ferrenha das políticas de austeridade.
Mas os alemães também a chamam "Mutti" ("Mamãe") porque inspira grande segurança, em meio à turbulência europeia.
Depois de oito anos no comando da principal economia da Europa, e três liderando a busca de uma saída para a crise na Eurozona, Merkel se mostra preparada para dirigir o país por outro mandato, sem que sua imagem pareça sofrer o desgaste do poder e os efeitos da crise econômica mundial.
Mas no exterior, sua figura irrita, provoca revolta e até indignação.
Manifestantes irritados protestaram nas ruas de Atenas, Lisboa e Madri. Eles atribuíram a Merkel os cortes orçamentários que, segundo os críticos, estão derrrubando as economias seus países e levando o índice de desemprego a níveis recordes.
Os gregos a detestam e a acusam de ter o desejo de deixar Atenas de joelhos.
"Merkel, fora!", gritaram em passeatas e protestos milhares de manifestantes destas capitais. Alguns chegaram a exibir cartazes com caricaturas de Merkel, que aparece com um bigode estilo Hitler e vestida com uniforme nazista.
"Estou determinada a ver a Europa emergir mais forte da crise", insiste Merkel, dentro e fora do país.
"A Alemanha só pode ser forte com uma Europa forte", repete a chanceler, assegurando que Berlim não aspira exercer uma hegemonia sobre a União Europeia.
Durante a campanha eleitoral, que muitos criticam pela falta de conteúdo, analistas destacam que Merkel tem feito a próspera Alemanha experimentar um sentimento de falsa segurança, 23 anos depois da histórica reunificação.
"Merkel encarna com perfeição as sensibilidades dos alemães neste início do século 21", afirma o editor da influente revista Die Zeit, Josef Joffe.
"A chanceler é perfeitamente previsível, em sua flexibilidade. E para o eleitorado, que detesta risco, isto agrada", escreveu Joffe.
Seu biógrafo, Gerd Langguth, ressalta que Merkel, apesar de estar sempre sob os holofotes, permanece um enigma.
"É uma esfíngie", o que aprendeu em seus anos sob a ditadura da Alemanha Oriental", escreveu.
Quando menina, Angela Dorotea Kasner — a primeira mulher a governar a Alemanha e a primeira desde Margaret Thatcher a comandar um grande país europeu — sonha em tornar-se patinadora artística.
Agora, oito anos depois de sua ascensão ao poder graças a uma aliança entre os conservadores da União Democrática Cristã (CDU) e os social-democratas, Merkel conta com 60% de opiniões favoráveis, algo que não tem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial.
"Ela se transformou em uma espécie de mãe da nação", afirma o cientista político Oskar Niedermayer.
"Ela encarna o comum dos mortais e isto agrada as pessoas", completa, ao destacar a imagem da mulher que se tornou a líder conservadora de sua geração.
Amante da ópera, do vinho tinto francês e das caminhadas nas montanhas italianas, Merkel, que faz as compras por conta própria em um supermercado barato, proclama que seu modelo é a dona de casa alemã, símbolo da austeridade e do autocontrole.
E seu marido, o professor de química Joachim Sauer, com quem Merkel se casou em 1998, é tão tímido que não compareceu à cerimônia de posse da chanceler, em 2005.