Maduro: a suspensão da Venezuela do Mercosul é maior problema a ser encarado pelo Brasil (Miraflores/Reuters)
EXAME Hoje
Publicado em 21 de julho de 2017 às 06h46.
Última atualização em 21 de julho de 2017 às 08h20.
O presidente Michel Temer passa a sexta-feira na 50ª Reunião do Conselho do Mercado Comum e Cúpula do Mercosul e Estados Associados, em Mendoza, na Argentina. O Brasil assume nesta reunião a presidência do bloco com um problemão a resolver: a suspensão da Venezuela. A posição do Itamaraty desde o início do governo Temer é dura em relação aos vizinhos.
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O ministro Aloysio Nunes Ferreira coleciona críticas ao governo de Nicolás Maduro e vê no presidente argentino, Mauricio Macri, um aliado no afastamento do bloco, determinado desde dezembro do ano passado. Aloysio tem no histórico até rusgas com a chanceler venezuelana Delcy Rodríguez. Meses depois do afastamento, a representante afirmou que o “golpe trouxe retrocesso sócio-econômico para o povo do Brasil” e que a posse do governo Temer era uma “vergonha mundial”. “Ela não tem muita importância, nem mesmo na Venezuela”, disse o ministro brasileiro. Agora, é o Brasil que tem nas mãos o retorno ou não do país ao bloco.
Segundo o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, a função de Temer no encontro com presidentes será manter no bloco a “vocação para a integração econômico-comercial e para o fortalecimento da democracia e da defesa e promoção dos direitos humanos na região”. A Venezuela vive, além de uma ditadura, uma violenta crise política, permeada de protestos de oposição ao presidente Maduro que deixaram cerca de 100 mortos em Caracas. Das cláusulas de adesão ao Mercosul, uma delas determina “compromisso com a promoção e proteção dos direitos humanos”. Não se vê nada disso em Caracas, evidentemente.
Embora improvável, uma postura mais incisiva do Brasil e do Mercosul é urgente: Maduro convocou para o dia 30 uma constituinte que pode lhe dar ainda mais poderes. Passou da hora de seus vizinhos se posicionarem mais claramente a respeito, como já o fizeram, nesta semana, Estados Unidos e União Europeia.
No campo econômico, a vontade do Mercosul é finalmente fechar um acordo de comércio com a União Europeia. As conversas se arrastam desde 1999, mas podem ganhar celeridade em reação à onda protecionista nos Estados Unidos, sob governo de Donald Trump, e pelo Brexit, no Reino Unido.