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Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 14h46.
Los Angeles - Em um mercado de Los Angeles quase como qualquer outro, os clientes cheiram, examinam e comparam, enquanto os agricultores se vangloriam de sua mercadoria. Mas há um único produto: a maconha. Só que orgânica.
O sucesso do Heritage Farmers Market, aberto neste domingo, é evidente: apesar do calor sufocante, a fila de espera para entrar se estende por centenas de metros.
A multidão é diversa e multigeracional: hippies, roqueiros, hipsters e algumas indescritíveis tribos urbanas.
"Temos pirulitos por sete dólares e barrinhas de chocolate para relaxar por 13", contou Bill Harrison, que também vende as clássicas flores de maconha para fumar.
"Já houve convenções de agricultores no norte da Califórnia (oeste dos Estados Unidos) e no estado de Washington (noroeste), mas aqui é especial, podemos encontrar realmente os clientes", explicou Terry Sand, um plantador.
Terry cresceu em meio à canabis e à maconha: "meus pais eram hippies, plantavam no quintal".
Ex-técnico de elevadores, ele mudou de vida quando uma nova tecnologia permitiu aumentar a produtividade dos cultivos em áreas cobertas. "Senti que havia uma grande oportunidade", contou.
Na Califórnia só é legal o uso terapêutico da maconha. Para consumo recreativo, a posse de menos de 28 gramas é passível de uma simples multa, mas uma quantidade maior representa um crime.
Edwynn Delgado conhece a legislação de cor: "para uso médico, temos direito a cerca de 100 gramas, mas eu gostaria de levar mais hoje", brincou.
Delgado, de 20 anos, fuma maconha desde os 11: "No meu bairro, sempre houve muita maconha", conta o jovem de sorriso largo. Aos 18, ele virou consumidor "legal" para aliviar as dores musculares.
"Desmistificar"
Edwynn espera há mais de uma hora no estande que oferece os melhores preços: "apenas 180 dólares por 28 gramas, enquanto o preço médio em um ambulatório médico normal é de cerca de 300 dólares".
Além desses benefícios, está contente por poder contar, neste caso, com um produto de boa qualidade: "Os vendedores ambulantes são perigosos porque agregam coisas" na maconha, comentou.
Aos 35 anos, Adam Agathakis, um dos organizadores do mercado, defende "desmistificar" a maconha depois de perder seu pai de câncer há dez anos. "Quando estava morrendo, só a maconha o aliviava", acrescentou.
Agathakis classificou a iniciativa de em "mercado biológico comum", ao qual "as pessoas vêm falar com os agricultores, garantir que (a maconha) cresceu sem pesticidas e também sem fungos".
Karen Flores, de 50 anos, que sofre de câncer, fuma maconha para "relaxar e aliviar suas indisposições".
Nas bancas, encontramos aerossóis, tortas de creme e doces feitos com a planta.
Matheuse Gerson oferece um produto mais alternativo: "É um lubrificante íntimo de maconha com óleo de noz de coco. Isso aumenta as sensações das jovens e desperta a sexualidade das mulheres na menopausa, além de ajudá-las a dormir", assegurou.
Cheryl Shuman, diretora-executiva de uma empresa de relações públicas, conta que quase morreu de câncer em 2006 e que sobreviveu graças à maconha.
Depois disso, Shuman iniciou uma campanha para a descriminalização, com a criação de um clube de aficionados, o "Beverly Hills Cannabis Club", tornando-se uma das encarregadas da "Moms for Marijuana" ("Mães pela maconha"), uma associação internacional de mães a favor da legalização.
Ela destacou como argumento o potencial econômico da maconha: "É um setor que movimenta 47 bilhões de dólares".