EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Atenas - Centenas de transportadores que se concentraram desde a madrugada nos arredores do Ministério de Infraestrutura da Grécia foram dispersados com gás lacrimogêneo hoje (29) em Atenas pelas brigadas antidistúrbios.
O enfrentamento aconteceu em meio a uma grande tensão ocasionada pela decisão do Governo socialista que os obrigou a suspender a greve que mantinham há quatro dias.
Os protestos das transportadoras respondem à decisão do Governo de Papandreu de liberar o monopólio dessa profissão, com um projeto de lei que será levado ao Parlamento em setembro.
A greve das transportadoras causou um colapso no abastecimento de combustível no país, e afetou outros setores como o turismo, o funcionamento de indústrias e o transporte.
A área mais afetada é o norte do país, onde 100 mil turistas enfrentaram problemas de escassez de gasolina e não podem voltar para seus países. As autoridades do aeroporto de Salônica informaram que os aviões que efetuam voos internos também ficarão sem combustível caso a greve continue.
As exportações também foram afetadas, já que 42% delas são feitas por transporte terrestre. A cada dia que permanecem inativos, perdem-se entre 20 e 25 milhões de euros, segundo números do setor.
O negócio de aluguel de carros nos lugares turísticos também está sofrendo as consequências, dado que se alugam ao dia 10 mil veículos em Atenas e outros 40 mil no resto do país na alta temporada.
Segundo a imprensa local, muitos turistas se viram obrigados a deixar os carros em outros pontos do país e tiveram que retornar a Atenas para tomar seus voos utilizando outros meios de transporte por falta de gasolina.
Os analistas locais asseguram que o resultado das negociações entre o Governo e os representantes das transportadoras servirá para ver como os setores afetados perante a decisão do executivo de suprimir as profissões monopolizadas reagem, como os advogados, farmacêuticos, notários, taxistas, entre outros.
O ministro de Transporte, Dimitris Repas, disse hoje que "o único que não é negociável com as transportadoras é a liberação das profissões", respondendo aos requerimentos da União Europeia e ao programa de mudanças da administração do país imposta pelo mecanismo europeu de ajuda externa para que Grécia corrija seu desperdício fiscal e se modernize.
Os protestos dos transportadores somaram-se aos problemas causados no começo da semana por uma greve de parte dos controladores aéreos que modificou centenas de voos e cancelou outros tantos.
Também unem-se aos protestos os funcionários civis que mantiveram os sítios arqueológicos fechados por alguns dias, o que está afetando o turismo, a principal fonte de renda do país, representando mais de 17% do Produto Interno Bruto (PIB).