Casamento infantil: Iêmen, Afeganistão, Índia e Somália estão no topo da lista entre os locais onde a prática é corriqueira (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2016 às 17h44.
Última atualização em 30 de novembro de 2016 às 16h28.
Quem vive longe dessa realidade costuma pensar que o casamento infantil não é mais uma prática comum hoje em dia. Mas os dados divulgados esse mês pela intituição britânica Save the Children apontam o contrário. A cada sete segundos uma menina menor de 15 anos é forçada a se casar ao redor do mundo.
Há pouco mais de três anos, em setembro de 2013, o mundo se chocou com a morte de Rawan, uma menina de oito anos que foi forçada a casar com um homem de 40.
A criança faleceu logo após a lua de mel, pois teve ferimentos profundos no útero, recorrentes de estupro. Ela morava no Iêmen e foi vendida pelo padrasto, por cerca de 6 mil dólares.
Mas o caso de Rawan é exceção à regra. Não pela violência sofrida, mas pelo fato de o caso ter sido noticiado ao redor do mundo. Casamentos infantis - seguidos de estupro e todo tipo de violência - estão longe de ser incomuns, mas a gente prefere fechar os olhos para isso.
Junto com o Iêmen, países como Afeganistão, Índia e Somália estão no topo da lista entre os locais onde a prática é assustadoramente corriqueira. Na época em que Rawan morreu, um levantamento realizado pelo Human Rights Watchrevelou que cerca de 52% das meninas se casam antes dos 18 anos no Iêmen, e 14% antes dos 15.
Mas não se engane, pois o casamento precoce também é uma realidade no Brasil, como retratou a revista Claudia numa reportagem realizada no início desse ano.
Segundo a matéria: "O Brasil ocupa o quarto lugar no mundo em número absoluto de crianças casadas. As esposas de 10 a 14 anos são 65 709; delas, 2,6 mil firmaram compromisso em cartório e/ou igreja."
Voltando ao relatório da Save the Children, a instituição destaca o fato de que o matrimônio infantil contribui não apenas para a violência sexual e doméstica, mas também para os índices de menor taxa de escolaridade entre mulheres.
A gestação precoce também aumenta o número de mortandade entre as meninas, pois grande parte delas engravida antes de ter o corpo totalmente formado e morre por causa disso.
Além de alertar para o casamento infantil, a organização fez um ranking mostrando quais são os melhores e os piores países para uma menina viver. Mais de 140 países foram avaliados com base em dados como: índices de matrimônio precoce, gravidez na adolescência, mortalidade materna, mulheres com ensino fundamental completo e representatividade feminina na política. O Brasil figura no 102º lugar da lista, ficando numa posição pior do que países como Paquistão e Iraque.