Policiais paquistaneses patrulham província de Punjab: a polícia prendeu o agricultor e quatro membros do conselho do povo no âmbito deste caso (Ali Arif/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2012 às 11h04.
Lahore - A polícia prendeu os membros do conselho do povo de Bahalak, no centro do Paquistão, que decidiram que um agricultor deveria entregar sua filha de nove anos a uma família rica para compensar um suposto estupro, indicaram nesta sexta-feira autoridades locais.
Conhecido pelo nome de Arshad, o agricultor do povoado remoto de Bahalak, na província paquistanesa de Pendjab (centro), foi acusado de sequestrar e estuprar no ano passado a filha do influente latifundiário da região Ali Sher.
O conselho de anciões do povo "decidiu no domingo passado que Arshad deveria casar sua filha Sidra (de 9 anos) com Maqsod, o filho de 22 anos do proprietário de terras", declarou nesta sexta-feira à AFP Mohamad Khalid, delegado da polícia local.
Arshad aceitou verbalmente a decisão dos sábios do povo, mas sua filha Sidra "permaneceu com a família", acrescentou o policial.
Segundo o conselho do povo, o pai da menina deveria entregar uma compensação de 400.000 rúpias (cerca de 3.300 euros) se o casamento não fosse realizado, uma soma impossível de reunir com uma renda modesta no Paquistão.
A polícia prendeu o agricultor e quatro membros do conselho do povo no âmbito deste caso, indicou a polícia local. A prática do "vani", ou seja, entregar sua filha como compensação para resolver uma disputa, é ilegal no Paquistão e passível de uma pena que pode alcançar os sete anos de prisão.
No entanto, muitos casos desta prática fogem ao controle das autoridades, principalmente nos povoados remotos deste país conservador.
Na semana passada, um casal paquistanês queimou com ácido sua filha de 15 anos por ter olhado para um menino, "sujando" a honra da família.