Dmitri Medvedev não descartou novas medidas contra o escudo dos EUA (Dmitry Astakhov/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2011 às 13h13.
Moscou - O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou nesta quarta-feira que ordenou o desdobramento de um radar de alerta adiantado contra mísseis no enclave báltico de Kaliningrado, em resposta ao escudo antimísseis dos Estados Unidos.
'Por ordem minha, o Ministério da Defesa vai colocar em serviço imediatamente a estação de radar do sistema de alarme de ataque com foguetes na cidade de Kaliningrado', disse Medvedev em mensagem na TV à população.
Ele ordenou reforçar a segurança das instalações das forças estratégicas da Rússia, que poderiam ser ameaçadas pelo novo sistema antimísseis americano na Europa.
O chefe do Kremlin advertiu que 'se todas as medidas forem insuficientes, a Rússia vai instalar no sul e no oeste do país sistemas de armamento de ataque modernos que garantam a destruição do componente europeu do sistema antimísseis'.
'Um desses passos seria instalado no lugar onde fica o sistema de foguetes táticos Iskander em Kaliningrado', disse.
Medvedev ressaltou que as Forças Armadas foram encarregadas de elaborar medidas que 'garantam, em caso de necessidade, a destruição de meios de informação e comandos do sistema de defesa antimísseis europeu'.
'Os Estados Unidos e a Otan não estão dispostos a considerar nossa preocupação pela arquitetura da defesa antimísseis europeia', lamentou.
O líder russo ressaltou que o escudo americano antimísseis já está em andamento em vários países do continente europeu 'e em ritmo cada vez maior'.
Ele alertou que 'em caso de uma evolução desfavorável da situação, a Rússia vai se reservar ao direito de renunciar a dar novos passos para o desarmamento e, portanto, para o controle de armamento'.
'Levando em conta a ligação entre os armamentos estratégicos ofensivos e defensivos, podem surgir fundamentos para que o nosso país denuncie o tratado Start' assinado em 2010, avisou.
Medvedev voltou a insistir na proposta russa para criação de um sistema conjunto antimísseis entre Rússia e OTAN, no qual cada uma das partes seria encarregada da segurança de um setor do continente.
'O importante é que na Europa não deve haver novas linhas divisórias. É preciso apenas um perímetro de segurança com a participação da Rússia em igualdade jurídica', destacou.
O líder declarou ainda que 'há tempo para alcançar um entendimento' e que a 'Rússia tem vontade política para fechar acordos que possam abrir uma página completamente nova em suas relações com os Estados Unidos e a Aliança Atlântica'.
Medvedev advertiu nos últimos meses que se até 2020 não houver acordo o mundo será afetado por uma nova corrida armamentista, similar à protagonizada por Moscou e Washington durante a Guerra Fria.