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Medvedev: Chernobyl e Fukushima mostram que é preciso dizer a verdade

Presidente russo viaja nesta terça para Chernobyl, durante cerimônias do 25º aniversário da catástrofe

Dmitri Medvedev, presidente da Rússia, vai visitar "liquidadores" do acidente (Sean Gallup/Getty Images)

Dmitri Medvedev, presidente da Rússia, vai visitar "liquidadores" do acidente (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2011 às 08h40.

Moscou - A maior lição que as autoridades de todo o mundo aprenderam com as tragédias de Chernobyl e Fukushima é que é necessário dizer sempre a verdade, estimou nesta segunda-feira o presidente russo Dmitri Medvedev, na véspera do aniversário de 25 anos do acidente nuclear soviético que paralisou o mundo.

Em uma reunião no Kremlin com socorristas que participaram dos arriscados trabalhos de limpeza de Chernobyl, Medvedev pediu transparência dos governos em caso de uma emergência nuclear. A maior reclamação destes técnicos, que foram expostos a níveis inconcebíveis de radiação, foi a maneira nebulosa como o governo socialista os informou do risco real que corriam.

"Acho que nossos Estados modernos devem compreender a maior lição do que aconteceu em Chernobyl e na mais recente tragédia japonesa como a necessidade de dizer às pessoas a verdade", indicou Medvedev.

"O mundo é tão frágil e nós estamos tão ligados que qualquer tentativa de esconder a verdade, de manipular uma situação, tornando-a mais otimista, terminará em tragédia e custará a vida de muitas pessoas", destacou.

"Esta é uma lição difícil e importante sobre o que aconteceu".

Em 1986, Moscou permaneceu em silêncio sobre o desastre de Chernobyl durante três dias. Agências oficiais como a TASS só reportaram o incidente no dia 28 de abril, depois que a usina nuclear de Forsmark, na Suécia, detectou um nível alto de radiação no continente.

A Tokyio Electrical Power Co. (Tepco), que opera a central nuclear de Fukushima, no Japão, foi alvo de muitas críticas devido à sua política de informação, acusada de não divulgar tudo o que sabia de maneira clara, principalmente nos primeiros dias após o acidente, no mês passado, cujas consequências ainda não foram completamente controladas.

Medvedev condenou a atitude da União Soviética durante a catástrofe de Chernobyl. Na época, seus líderes não queriam admitir a extensão do acidente, e a primeira reportagem divulgada na mídia oficial comunista foi uma pequena nota em letras minúsculas no verso do tabloide Pravda.

"O Estado não teve a coragem de admitir imediatamente as consequências do que havia acontecido. Eu me lembro, como muitas outras pessoas se lembram, como tudo parecia muito estranho", disse o presidente.

Seis liquidadores - como ficaram conhecidos os trabalhadores de limpeza de Chernobyl - e 22 técnicos da usina ucraniana, então sob governo soviético, morreram em poucos meses devido à exposição radioativa.

A maioria dos liquidadores que sobreviveu ainda sofre com os graves problemas de saúde provocados pelo trabalho no local do desastre, mas muito se questiona a respeito da real causa da morte dos mortos contabilizados da tragédia.

Dmitri Medvedev homenageou 16 dos liquidadores com medalhas de honra, enquanto champanhe era servido no Kremlin para comemorar sua vitória contra a radiação, mas muitos veteranos do grupo lamentam o tratamento indiferente do Estado russo em relação a eles e às famílias dos que não sobreviveram nestes 25 anos.

"Algumas viúvas cuidaram de seus maridos por anos", contou o liquidador Alexander Shabutkin a Medvedev, após receber sua medalha. "Hoje, elas não têm dinheiro suficiente nem para alimentar seus filhos".

Medvedev anunciou que visitará o reator acidentado de Chernobyl na terça-feira ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, e que pretende encontrar-se com mais veteranos.

"Vocês e seus camaradas - alguns dos quais infelizmente não estão mais entre nós - realizaram seu trabalho de maneira muito corajosa em situações excepcionalmente difíceis, com enorme perigo para suas próprias vidas", declarou o presidente russo, em um discurso para homenagear os liquidadores.

"Na época, ninguém entendeu a extensão do risco pessoal. Sua capacidade de tomar as decisões mais reponsáveis durante os tempos mais difíceis permitiram que vidas humanas fossem salvas".

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