Costa Concordia: temor de um vazamento assusta a ilha (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 15h15.
Ilha de Giglio, Itália - Sob um céu cor de chumbo e finas gotas de chuva, os socorristas trabalhavam nesta segunda-feira em torno dos destroços do Costa Concordia para encontrar desaparecidos e também evitar a explosão de uma verdadeira "bomba ecológica", numa região soberba e protegida. O navio de cruzeiro guarda, em seus tanques, 2.380 toneladas de combustível.
"Temos uma bomba ecológica no interior do transatlântico naufragado", declarou à AFP Sergio Ortelli, prefeito da pequena ilha toscana onde afundou o navio luxuoso de cruzeiro.
"De acordo com as primeiras constatações, o navio parece bem estável, não há nenhum vazamento, tudo está sob controle por enquanto", acrescentou.
Após a pesquisa de sobreviventes eventuais ou corpos de vítimas, a segurança do navio é a segunda preocupação dos socorristas, que precisaram interromper as buscas no começo da tarde, devido ao mau tempo.
"Espero que o combustível possa ser bombeado e que o transatlântico possa ser deslocado, porque perturba a navegação", acrescentou o prefeito.
"É muito complicado o que fazemos, trabalhamos sempre em dupla, com dois mergulhadores ligados um ao outro por uma corda de 2-3 metros, com reforço, para evitar ferimentos com os objetos dispersos no navio", explicou Rodolfo Raiteri, coordenador das operações submarinas da Guarda Costeira.
Seus homens inspecionam toda a parte submersa do navio, com um mergulho de 50 a 60 minutos, apenas uma vez por dia "porque, fisicamente, é uma provação física, com a temperatura da água em 11 ou 12 graus C".
A Ilha de Giglio é conhecida por suas minúsculas angras rochosas e seu charme rústico. A população, que não passa de 800 moradores no inverno, sobe para 5.000 pessoas durante o verão, com a chegada dos turistas.
A zona marítima em torno da ilha é também um santuário das baleias. Os dirigentes locais pedem a aprovação de novas regras impondo limites mais estritos à navegação nessa região e, principalmente, o fim da tradição do "l'inchino" (reverência) seguida pelos grandes navios que passam perto da ilha.
A Guarda Costeira ordenou ao proprietário do navio, a companhia Costa Crociere, que "retire os destroços do navio e evite que caia uma só gota de petróleo no mar", declarou Filippo Marini, do serviço de imprensa da Guarda Costeira local.
O naufrágio representa "um risco muito alto" para o meio ambiente da Ilha de Giglio, que tem no seu entorno uma reserva natural protegida, e "uma intervenção urgente", também disse o ministro do Meio Ambiente, Corrado Clini.
"O objetivo é evitar que o combustível vaze do navio: trabalhamos nesta questão", acrescentou. "É um gasóleo denso, pesado, que poderia se sedimentar no fundo, o que seria um desastre", declarou, imaginando o pior, "com os efeitos conhecidos em casos parecidos, sobre a fauna marinha e os pássaros".
Uma equipe de especialistas da empresa holandesa Smit&Salvage e da americana Titan Salvage estão no local para estudar os meios de pôr o navio em segurança.
Uma delas declarou, sob anonimato, que o bombeamento do combustível não poderá começar logo no início da semana, porque o equipamento necessário ainda não chegou.
Segundo um dos trabalhadores, retirar o navio de cerca de 115.000 toneladas poderia levar semanas, mas excluiu a possibilidade de cortá-lo em partes no local.