Ataque no Reino Unido: Skripal e a sua filha permanecem hospitalizados em estado crítico, enquanto o policial que entrou em contato com o agente químico nos primeiros momentos da investigação continua grave (Henry Nicholls/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de março de 2018 às 15h01.
Londres - O serviço de saúde do Reino Unido examinou 38 pessoas em Salisbury (Inglaterra) que poderiam ter sido expostas ao agente nervoso de natureza militar que envenenou o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, informou nesta terça-feira o chefe da polícia antiterrorista britânica, Neil Basu.
Skripal e a sua filha Yulia permanecem hospitalizados em estado crítico, enquanto o policial Nick Bailey, que entrou em contato com o agente químico nos primeiros momentos da investigação, continua grave, mas sua saúde está fazendo "progressos".
Outra pessoa, da qual Basu não ofereceu detalhes, está sendo monitorada pelos médicos, mas, até agora, não mostrou sintomas de envenenamento, enquanto os outros 34 indivíduos que foram atendidos receberam alta.
O comando da polícia britânica insistiu que o risco para a saúde da população é "baixo" e pediu aos cidadãos de Salisbury que passaram pelos mesmos lugares que Skripal no último dia 4, quando ocorreu o envenenamento, que limpem os pertences que usaram naquele dia para evitar uma possível contaminação.
Basu ressaltou que ainda não pode oferecer detalhes sobre como e quando foram contaminados o ex-espião e sua filha, e pediu mais uma vez a colaboração de qualquer pessoa que possa ter informação sobre o ataque.
Ao reconstituir o ocorrido no dia em que aconteceu o envenenamento, o chefe antiterrorista revelou que a filha de Skripal tinha chegado ao aeroporto londrino de Heathrow em um voo procedente da Rússia um dia antes do envenenamento.
O policial detalhou que os dois chegaram ao estacionamento de um shopping em Salisbury por volta das 13h40 GMT (10h40 em Brasília) de domingo, dia 4, e estiveram no pub Bishop's Mill e no restaurante Zizzi, antes de serem encontrados em estado "extremamente grave" no banco de um parque três horas mais tarde.
Basu ressaltou que a polícia está especialmente interessada em encontrar testemunhas que viram Skripal e sua filha no carro do ex-espião russo, um BMW de cor vermelha, entre as 13h e 13h45 GMT (10h e 10h45 em Brasília) daquele dia.
Por outro lado, o químico russo Vil Mirzayanov, que colaborou no desenvolvimento do agente nervoso "Novichok", com o qual pai e filha foram envenenados, declarou nesta terça-feira à emissora britânica "Sky News" que seus efeitos não têm "cura".
Mirzayanov, que há mais de duas décadas deixou a Rússia para se instalar nos Estados Unidos, explicou que a substância está projetada para produzir danos "irreparáveis" e que as pessoas expostas a doses significativas ficam "inválidas" para o resto de suas vidas.
Além disso, o químico revelou preocupação com os moradores de Salisbury que poderiam ter sido expostos à substância e ressaltou que até mesmo quantidades minúsculas de "Novichok" podem provocar o desenvolvimento de sintomas anos mais tarde.
O especialista citou "dores de cabeça, dificuldade para pensar e (problemas de) coordenação", entre os efeitos na saúde que o agente nervoso pode provocar a longo prazo.