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May luta para frear queda inesperada nas pesquisas

A primeira-ministra convocou eleições parlamentares antecipadas para 8 de junho, que a princípio só deveriam acontecer em 2020, por conta do Brexit

May: grande parte de sua vantagem de 20 pontos nas pesquisas desapareceu nos último dias (Toby Melville/Reuters)

May: grande parte de sua vantagem de 20 pontos nas pesquisas desapareceu nos último dias (Toby Melville/Reuters)

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AFP

Publicado em 31 de maio de 2017 às 12h20.

A líder conservadora britânica Theresa May elevou nas últimas horas o tom dos ataques ao trabalhista Jeremy Corbyn, depois que grande parte de sua vantagem de 20 pontos nas pesquisas desapareceu nos último dias.

Utilizando uma figura de linguagem que causou perplexidade, May mencionou na terça-feira a ameaça, para o Reino Unido, de um Corbyn "nu e sozinho na sala de negociações da União Europeia".

"Já sei", completou, em meio aos murmúrios nervosos do público, "que não é uma imagem agradável de imaginar".

"Corbyn não está preparado para estas negociações. Eu, sim", disse May.

Nesta quarta-feira, durante uma visita a Plymouth, sudoeste da Inglaterra, a primeira-ministra insistiu no contraste entre ela e Corbyn.

O país tem que decidir "quem prefere ver como primeiro-ministro conduzindo o país para o futuro, eu ou Jeremy Corbyn".

"Tenho um plano para as negociações do Brexit, mas também para construir um Reino Unido mais forte e próspero", concluiu.

Questionado sobre as declarações de May, o veterano Corbyn se limitou a considerá-las inapropriadas.

"Eu não usaria esta linguagem, acredito que é totalmente inapropriada".

A primeira-ministra convocou eleições parlamentares antecipadas para 8 de junho, que a princípio só deveriam acontecer em 2020, com a intenção de aumentar a maioria absoluta do Partido Conservador na Câmara dos Comuns, atualmente de 17 deputados.

Seu argumento é o de que precisa de uma maioria ainda mais ampla para negociar a saída da União Europeia (UE) sem a barreira de um Parlamento hostil.

Mas uma projeção dos resultados elaborada pelo instituto de pesquisas YouGov, publicada nesta quarta-feira, prevê que os conservadores podem perder 20 cadeiras e os trabalhistas conquistar 30, números que abririam o caminho para um governo de coalizão da oposição.

A libra esterlina registrou desvalorização de 0,5% após a divulgação da projeção.

Pesquisas com mais mudanças desde 1945

"As mudanças desta campanha são as mais fortes nas pesquisas que observei em qualquer eleição desde 1945", escreveu no Twitter o veterano analista de pesquisas de opinião David Butler.

Em 1945, os trabalhistas de Clement Attlee derrotaram, contra todos prognósticos, os conservadores do primeiro-ministro Winston Churchill, apesar da vitória na Segunda Guerra Mundial.

A média das últimas oito pesquisas elaborada pelo jornal The Daily Telegraph é um pouco mais tranquilizadora para os conservadores, que aparecem com 44% das intenções de voto, contra 36% para os trabalhistas, 8% para os liberal-democratas e 5% para o Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP).

A maioria das pesquisas errou no referendo de saída da União Europeia (2016) e nas eleições legislativas de 2015, o que levou May a minimizar a projeção do YouGov e afirmar que "a única pesquisa que vale acontecerá em 8 de junho".

Apesar de May ter se recusado a participar em debates e sua equipe ter reduzido o contato da chefe de Governo com os eleitores nas ruas, esta é a sua primeira eleição como candidata e ela está no foco de todos.

Aos 60 anos, ela chegou ao poder com pouca atenção dos meios de comunicação na comparação com outros primeiros-ministros. Quando David Cameron renunciou após a derrota no referendo da UE, em junho de 2016, a então ministra do Interior foi nomeada para sucedê-lo como primeira-ministra sem o voto dos militantes do partido, porque seus rivais se retiraram da disputa.

May se apresentou à disputa com o slogan "uma liderança forte e estável", mas na última semana teve que alterar um ponto de seu programa que havia provocado preocupação - e que passou a ser chamado de "imposto da demência" - e passou a responder perguntas sobre os cortes orçamentários das forças de segurança após o atentado de Manchester, que deixou 22 mortos e dezenas de feridos.

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