Theresa May prometeu se ater a seu plano de negociar a relação comercial mais estreita possível com a UE (Wolfgang Rattay/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de julho de 2018 às 11h21.
Londres - A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, enfrentará uma batalha no Parlamento nesta terça-feira sobre o comércio pós-Brexit, uma vez que parlamentares pró-União Europeia esperam influenciar os planos do governo para a desfiliação da União Europeia, um dia depois de a premiê ter cedido a exigências de defensores da separação.
A vulnerabilidade de May no Parlamento, onde ela perdeu a maioria que seu Partido Conservador possuía em uma eleição mal calculada no ano passado, foi exposta na segunda-feira, quando sua decisão de aceitar as demandas de parlamentares pró-Brexit provocou uma rebelião entre aqueles que querem os laços mais estreitos possíveis com a UE após a separação.
Em duas das votações de segunda-feira sua maioria foi reduzida a três votos, um sinal de que a líder terá dificuldade para aprovar a legislação do Brexit em um Parlamento profundamente dividido, o que pode ameaçar a aprovação de qualquer acordo sobre a desfiliação.
May prometeu se ater a seu plano de negociar a relação comercial mais estreita possível com a UE, dizendo que sua estratégia é a única que pode atender os objetivos do governo para o Brexit, a maior mudança na política externa britânica em décadas.
Mas o plano agradou muito poucos, aprofundando as divisões existentes em seu partido que vêm impedindo um avanço nas conversas com a UE e desencadeando uma guerra de palavras entre as facções favoráveis ao Brexit e pró-UE.
"Não podemos agradar a todos. Temos que ter uma posição de concessão que permita ao país obter um acordo com a União Europeia", disse o ministro do Comércio, Liam Fox, à rádio BBC. "Agora cabe aos 27 da UE determinarem que tipo de relacionamento eles têm conosco".
A votação desta terça-feira tratará do projeto de lei para o comércio, cujo foco é converter acordos comerciais entre a UE e terceiros países em pactos bilaterais com o Reino Unido. Trata-se de um projeto de lei técnico, cujo objetivo inicial não era definir uma nova política comercial.
Parlamentares pró-UE pediram uma mudança no palavreado do projeto de lei para tentar forçar o governo a buscar uma união alfandegária com o bloco caso os ministros não acertem um acordo que estabeleça "uma área de livre-comércio para bens sem atritos".
O Parlamento também votará uma tentativa de Londres de adiantar seu recesso de verão para a quinta-feira da semana que vem, o que o governo diz ser lógico porque há muito poucas matérias legislativas em pauta nos dias restantes. Críticos dizem ser uma manobra de um governo em pânico com as diversas rebeliões na sigla governista.