Theresa May: a primeira-ministra britânica enfrenta uma monção de censura nessa quarta-feira (Leon Neal / Staff/Getty Images)
EFE
Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 12h21.
Londres - O líder trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, acusou nesta quarta-feira a primeira-ministra, Theresa May, de "não aceitar" a derrota no Parlamento de seu plano do "brexit" e insistiu que qualquer outro chefe de Governo teria renunciado diante deste cenário.
Na sessão semanal de perguntas à primeira-ministra na Câmara dos Comuns, Corbyn também reprovou "ter falhado" com o país com o acordo do "brexit", que foi rejeitado ontem à noite por uma maioria de 230 votos, algo sem precedentes na história moderna do país.
"Este Governo falhou com o país, não pode governar. Não pode contar com o apoio da maioria do povo e, diante do problema mais importante neste momento, o 'brexit' fracassou outra vez", afirmou.
Após a derrota sofrida por May, Corbyn apresentou uma moção de censura contra o Executivo, que será debatida na tarde desta quarta-feira e votada durante a noite na Câmara Comuns, embora espera-se que o Governo possa superá-la ao contar com o apoio dos dez deputados do Partido Democrático Unionista (DUP) da Irlanda do Norte.
"Qualquer primeiro-ministro que enfrentasse uma derrota como a de ontem à noite teria renunciado", disse o político esquerdista.
Em uma sessão parlamentar menos acalorada do que em dias prévios, May afirmou que se os deputados não cumprirem com o resultado do referendo de junho de 2016, no qual a população votou a favor do "brexit", a opinião que o povo britânico terá "do Parlamento e dos políticos será "muito ruim".
"Irão perder a fé nos políticos de todo o Parlamento. Necessitamos cumprir com o brexit", argumentou.
A primeira-ministra insistiu que escutará a opinião dos deputados para tentar buscar uma maneira de desbloquear a atual situação sobre a saída do país da UE.
O Governo "tory" sofreu uma derrota demolidora depois que 432 deputados se posicionaram contra o pacto que fixava os termos da saída britânica da UE frente aos 202 que votaram a favor.
A rejeição de ontem à noite e a moção de censura contra o Governo deixaram o Reino Unido em uma profunda crise política, dois anos e meio depois do referendo europeu.
O acordo negociado por May com a UE não convenceu os deputados, que viam com desconfiança a controversa salvaguarda pensada para evitar uma fronteira fixa entre as duas Irlandas.
Caso May supere nesta noite a moção de censura, terá de prazo até a próxima segunda-feira, dia 21, para apresentar um plano alternativo do "brexit".