EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2011 às 17h47.
Roma - O ex-comissário da União Europeia Mario Monti assumiu oficialmente nesta quarta-feira os cargos de primeiro-ministro e ministro de Economia e Finanças da Itália, e nomeou apenas tecnocratas para assumir as pastas antes ocupadas pelo governo de Silvio Berlusconi.
O novo governo foi criado para tentar acalmar os mercados e conter a grave crise econômica que atinge o país. A cerimônia de juramento do cargo foi feita na presença do presidente italiano, Giorgio Napolitano.
O primeiro-ministro terá ainda que receber o aval do Congresso, o que deverá ocorrer rapidamente, já que o novo governo conta com apoio de quase todos os parlamentares.
Após a cerimônia, que contou com a presença dos ministros e principais funcionários do gabinete, foi realizada a transferência da chefia de governo, antes ocupada por Berlusconi, que renunciou no sábado após perder a maioria na câmara baixa.
O novo Executivo se destaca pela ausência de políticos e o elevado número de professores universitários e empresários, entre os quais se destaca o banqueiro Corrado Passera, diretor do grupo bancário Intesa Sanpaolo, segunda maior entidade financeira da Itália.
Passera, de 56 anos, foi nomeado ministro do Desenvolvimento Econômico, Infraestrutura e Transporte, pasta que terá como missão realizar as reformas exigidas para tentar livrar a Itália da recessão.
O empresário, membro do Comitê Executivo da Associação Bancária Italiana (ABI), comandava o Intesa Sanpaolo desde 2007. A instituição obteve a melhor nota nos testes de solvência europeus entre os cinco bancos italianos avaliados.
O almirante Giampaolo di Paola, de 67 anos, é outro membro do Gabinete. Ex-presidente do Comitê Militar da Otan, ele será o ministro da Defesa.
Uma novidade no governo é a presença de três mulheres em cargos importantes, o que não existia na época de Berlusconi. A advogada Paola Severino, de 63 anos, é a nova ministra da Justiça. A pasta foi motivo de polêmica nos últimos dias, pois a favorita para assumir o cargo era Livia Pomodoro, presidente do Tribunal de Milão, onde o ex-primeiro-ministro está sendo julgado.
A nova ministra do Interior é Anna Maria Cancellieri, de 67 anos, ex-líder do governo na prefeitura de Parma. E a professora de economia na Universidade de Turim e vice-presidente do Conselho de Supervisão do Intesa Sanpaolo, Elsa Fornero, de 63 anos, foi nomeada ministra do Trabalho.
Para assumir o Ministério das Relações Exteriores, Monti escolheu o embaixador da Itália em Washington, Giulio Terzi di Sant'Agata, de 63 anos.
O ministro de Educação, Universidade e Pesquisa Científica será o presidente do Conselho Nacional de Pesquisas (CNR) da Itália, o engenheiro Francesco Profumo, de 58 anos.
O novo subsecretário da presidência do governo, braço-direito do primeiro-ministro, será o presidente da Autoridade Antimonopólio italiana, o jurista Antonio Catricalà, de 59 anos.
A moção de confiança do governo de Mario Monti no Senado acontecerá nesta quinta-feira, e na Câmara, provavelmente na sexta.
O novo gabinete chega ao poder em um dos momentos mais complicados da história da Itália, marcado pela desconfiança dos mercados e por uma dívida pública que já chega a 120% do PIB (aproximadamente 1,9 trilhão de euros).
A intenção de Monti é chegar ao fim do mandato original de Berlusconi - em 2013 - e consolidar a recuperação econômica da Itália, o que exigirá, segundo o próprio primeiro-ministro, grandes sacrifícios.