Lima - Ativistas ambientais, indígenas e organizações sociais participaram de uma passeata nesta quarta-feira, em Lima, para pressionar a conferência climática da ONU por um acordo multilateral que favoreça as energias limpas e permita conter o aquecimento global no futuro.
No meio da manhã, milhares de pessoas, algumas vestidas de duendes verdes protetores das florestas, partiram em um trajeto de cinco quilômetros do Campo de Marte até a praça San Martin, na chamada Marcha dos Povos.
A manifestação começou no ritmo da canção "Água não é negócio", que um grupo de jovens acompanhou com tambores e danças.
"Mudem o sistema", clamavam os manifestantes, muitos vindos de Brasil, Equador e Bolívia, que exigiram aos seus governantes proteger os recursos naturais.
A manifestação, que os organizadores esperam ser uma das maiores demonstrações ambientalistas recentes na América Latina, segue uma marcha celebrada em setembro em Nova York.
Fundo verde
Na conferência sobre o clima (COP20), as sessões de quarta-feira começaram com a entrega ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, de uma petição com 2,2 milhões de assinaturas solicitando um mundo com 100% de energias limpas em 2050.
À margem das negociações, os países da Aliança do Pacífico - Peru, Chile, Colômbia e México - declararam seu compromisso comum em impulsionar ações de mitigação às mudanças climáticas.
Os presidentes do México, Enrique Peña Nieto; do Peru, Ollanda Humala; e da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciaram que vão aportar 22 milhões de dólares ao Fundo Verde, destinado a apoiar os países na adaptação e na mitigação dos efeitos do aquecimento global.
O México, que na conferência de Copenhague, em 2009, foi o impulsionador da criação deste fundo, aportará 10 milhões de dólares, enquanto Peru e Colômbia doarão outros US$ 6 milhões cada um.
"Com estas e outras ações, o México está fazendo sua parte", disse Peña Nieto.
O Fundo Verde tinha alcançado na véspera US$ 10 bilhões, com aportes da Austrália, de US$ 165 milhões, e da Bélgica, de US$ 54 milhões.
O financiamento para a adaptação foi estabelecido em 100 bilhões de dólares ao ano a partir de 2020.
"Não estamos diante de uma meta utópica ou inalcançável", afirmou Humala, ao comparar estes recursos com o gasto militar no mundo.
Enquanto isso, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, lembrou que seu país se comprometeu voluntariamente em reduzir 20% suas emissões de carbono até 2020 com base nas de 2007.
"Mas queremos que estes compromissos sejam submetidos a algum tipo de revisão", afirmou Bachelet.
Nesta quinta-feira estará na COP20 o secretário de Estado, John Kerry, depois que os Estados Unidos anunciaram um acordo com a China para reduzir as emissões de carbono e prometeram US$ 3 bilhões até 2020 em ajuda aos países vulneráveis às mudanças climáticas.
Pouco tempo para agir
Os delegados têm até a próxima sexta-feira para avançar no acordo que será levado dentro de um ano na conferência de Paris, na qual serão selados os compromissos multilaterais a partir de 2020.
Estes compromissos devem assegurar que, no fim do século, o aquecimento global não seja superior a 2 graus Celsius, medidos desde a era pré-industrial.
Com as emissões atuais, a superfície terrestre esquentará 4º C mais este ano, uma ameaça à segurança alimentar e à disponibilidade de água potável, bem como de eventos climáticos extremos.
Segundo estudo da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), divulgado nesta quarta-feira, "se a temperatura média de América Latina e Caribe aumentar 2,5º C (provavelmente por volta de 2050), os custos econômicos das mudanças climáticas poderão chegar a 1,5% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) atual da região".
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1. Multiplicação das cabras
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1/8 (Getty Images)
Um novo estudo, publicado na revista científica Oikos, mostra que dois fatores principais são importantes para a sobrevivência das cabras: as horas de claridade do dia e a temperatura. Para os caprinos da Escócia, que sofrem com o frio das áreas mais elevadas do norte do país, o
aquecimento global pode ser uma dádiva. A elevação das temperaturas parece estar tornando a vida um pouco mais fácil para os animais da região, que já começam a marcar território. O aumento da população de cabra selvagem e a mudança de seu habitat foi documentada pelo pesquisador britânico Robin Dunbar, da Universidade de Oxford e seu colega Jianbin Shi.
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2. Adeus ao cafezinho
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2/8 (Alex Silva)
O nosso querido cafezinho também corre riscos. Segundo uma nova pesquisa, publicada na revista científica Plos One, essa bebida tradicional pode sumir do cardápio dentro de 70 anos devido ao aquecimento global e às mudanças climáticas. O estudo realizado por pesquisadores do Royal Botanic Gardens da Grã-Bretanha, em colaboração com cientistas na Etiópia, constatou que entre 38 e 99,7% das áreas adequadas para o cultivo da espécie arábica desaparecerá até 2080 se as previsões do aumento das temperaturas se concretizarem.
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3. Aumento de problemas cardíacos
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3/8 (David Silverman/Getty Images)
É bom preparar o coração para as mudanças. Eventos climáticos extremos de calor e frio se tornarão mais comuns e isso vai colocar pressão sobre o coração das pessoas, dizem os cientistas. Um estudo publicado no British Medical Journal concluiu que a queda de temperatura de 1ºC em um único dia no Reino Unido está ligado ao aumento de 200 ataques cardíacos. Ondas de calor também geram efeito semelhante. Mais de 11 mil pessoas morreram por complicações cardíacas durante a onda de calor que atingiu a França na primeira metade de agosto de 2003, quando as temperaturas subiram para mais de 40ºC.
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4. Queda na capacidade trabalho
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4/8 (Getty Images)
Um estudo publicado na revista científica “Nature Climate Change” sugere que o aumento da temperatura global nos últimos 60 anos reduziu a capacidade de trabalho em 10%. Pior, a previsão é de que “estresse térmico” poderá prejudicar ainda mais a aptidão do trabalhador para desempenhar suas funções nas próximas décadas. De acordo com a pesquisa, a capacidade de trabalho em 2050 será reduzida a 80% do que hoje.
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5. Maratonas mais lentas
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5/8 (Einar Hansen/ StockXchng)
Embora o tempo dos vencedores de maratonas tenha melhorando gradativamente ao longo do século passado, essa tendência corre risco de diminuir diante do aumento das temperaturas. Um estudo da Universidade de Boston indica que o aquecimento global poderá tornar as maratonas mais lentas, afetando o tempo das vitórias. Mantida a tendência de aquecimento atual, de 0.058°C por ano, até 2100, a chance de detectar uma "desaceleração consistente no tempo de vitória da maratona" é de 95%, diz o estudo.
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6. Uvas não curtem calor, logo...
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6/8 (Getty Images)
As uvas vinícolas são uma das culturas mais sensíveis ao calor, chuvas, incidências de sol e mudanças bruscas no clima. Não à toa, elas estão na mira do aquecimento global. Segundo estudos mais recentes, a produção de vinhos em regiões consagradas, como Bordeaux, na França, pode cair cerca de 60% até 2050. Em contrapartida, a mudança climática poderia também abrir outras partes do mundo para a produção de uvas, uma vez que os produtores teriam que procurar lugares mais altos e mais frios.
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7. Mais metano, mais aquecimento
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7/8 (Ian Joughin, University of Washington)
Os efeitos do aquecimento global, acredite, também podem gerar mais aquecimento global.
Estudo recente, publicado na revista Nature por uma equipe internacional de cientistas, mostrou que o degelo no continente antártico pode ser uma fonte importante, embora esquecida, de metano, um gás efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o do CO2. Ou seja, o derretimento do gelo pode liberar milhões de toneladas desse gás na atmosfera e agravar o aquecimento global.
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8. Guarda-chuva para os Pólos?
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8/8 (Divulgação)