Equipes de resgate retiram destroços de trem que descarrilou em em Santiago de Compostela, na Espanha: o motorista deve comparecer semanalmente perante o juiz e está proibido de deixar a Espanha sem autorização judicial durante seis meses e de conduzir em ferrovias por igual período. (Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2013 às 14h06.
Santiago de Compostela - Francisco José Garzón Amo, maquinista do trem que descarrilou próximo à estação da capital galega na última quarta-feira, reconheceu perante o juiz Luis Aláez que na noite do acidente estava distraído a ponto de nem sequer saber onde se encontrava.
Fontes próximas ao caso informaram à Agência Efe que o motorista do trem, acusado pelo homicídio de 79 mortos e por vários delitos de lesão corporal, todos cometidos por imprudência profissional, reconheceu que estava acima do que o dobro da velocidade permitida na curva de La Grandeira, cujo limite é de 80 km/h.
O maquinista afirmou também que não havia percebido que já se aproximava deste ponto do percurso e, quando tentou frear, já era tarde demais.
Amo testemunhou ontem durante cerca de duas horas e concordou que não houve falha técnica e nem problemas nas condições do veículo ou dos trilhos, mas sim um "erro humano", uma distração.
O motorista deve comparecer semanalmente perante o juiz e está proibido de deixar a Espanha sem autorização judicial durante seis meses e de conduzir em ferrovias por igual período.
Fontes próximas do caso disseram à Efe que a polícia analisou os telefones do acusado, tanto celular particular quanto o corporativo, para determinar em qual momento do dia 24 de julho eles foram utilizados para fazer ligações e enviar mensagens de texto.
Nem o fiscal, Antonio Roma, nem as outras partes envolvidas -Renfe, Adif e duas companhias de seguro- pediram prisão preventiva para o motorista por entender que não há risco de fuga nem de destruição de provas.
Além disso, as mesmas fontes informaram que o condutor, quando ligou para o serviço de incidências 24 horas de Adif, gestor de infraestruturas ferroviárias da Espanha, ainda sem saber a dimensão do descarrilamento do trem, teria dito: "Sou humano", "somos humanos", "espero que não haja mortos porque isso cairá sobre minha consciência".
O número de mortos subiu para 79 ontem, após falecimento de Myrta Fariza, de Porto Rico, que estava internada no Complexo Hospitalar Universitário de Santiago (CHUS).