Protesto na Tailândia: a Tailândia vive uma grave crise política há oito anos com frequentes manifestações e protestos populares que procuram paralisar o governo no poder (Damir Sagolj/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2013 às 11h04.
Bangco - Os manifestantes antigovernamentais trocaram rosas e abraços com a polícia em uma trégua dos protestos que desde sábado deixaram pelo menos três mortos e mais de 200 feridos em Bangcoc, na Tailândia.
Após dois dias de duros enfrentamentos com gás lacrimogêneo e canhões de água, as autoridades permitiram nesta terça-feira que os manifestantes tivessem acesso à sede do governo e ao quartel da polícia metropolitana na capital.
Após entrarem nestes locais, os opositores e os agentes se cumprimentaram com efusivos abraços, apertos de mão, beijos, rosas e até fizeram fotos, enquanto juntos retiraram blocos de concreto e o arame farpado do local.
Segundo constatou a Agência Efe, havia pelo menos oito caminhões da polícia carbonizados na entrada da sede governamental, queimados durante os pesados enfrentamentos entre ambos os lados durante a noite passada, na qual os manifestantes lançaram dezenas de coquetéis molotov e foguetes.
"Os manifestantes diziam que queriam entrar nos edifícios governamentais, mas o governo não quer ver nenhuma batalha nem confronto portanto ordenamos que a polícia se retirasse, disse Teerat Ratanasevi, porta-voz do governo, ao reiterar que o objetivo é "evitar a violência".
A maioria dos ativistas retornou depois ao coração dos protestos, no Monumento da Democracia, embora também existam manifestantes entrincheirados no Ministério das Finanças e no complexo governamental de Chaeng Wattana.
O líder do movimento opositor, o ex-vice-primeiro-ministro Suthep Thaugsuban, afirmou depois que seus seguidores ocuparam a sede do governo e da polícia metropolitana que os protestos continuarão.
"Podemos celebrar, mas não podemos nos deixar levar. O "regime de Thaksin" ainda continua", declarou Suthep em um discurso televisionado pelo canal "Blue Sky", que apoia as manifestações.
O líder opositor voltou a fixar como "objetivo final" erradicar a "corrupção" herdada pelo atual Executivo do período no qual governou o ex-primeiro-ministro, Thanksin Shinawatra, deposto em 2006 por um violento golpe militar.
"Nosso objetivo é a total erradicação do "regime Thaksin", que ainda permanece inalterável", disse o ex-político. Suthep, no entanto, assegurou que não voltará a exercer cargos políticos dentro das fileiras do Partido Democrata, ao qual pertencia como senador há algumas semanas.
O líder acusa a atual primeira-ministra, Yingluck Sinawatra, de corrupção e de ser um fantoche de seu irmão mais velho, Thaksin, que segundo os opositores governa do exílio após fugir da justiça tailandesa, que o considerou culpado de corrupção e o condenou a 24 meses de prisão.
O movimento antigovernamental rejeitou mais uma vez acabar com os protestos em troca da renúncia de Yingluck e da dissolução do Parlamento para realizar novas eleições e exigem a criação de um "conselho popular" designado por um comitê.
"Novas eleições agora só serviriam para mais compra de votos. Eles compram seu caminho ao poder", afirmou Suthep em referência à família Shinawatra e ao partido político que lideram.
"Devemos ser pacientes. Um golpe de estado leva só três horas. A batalha requer tempo porque nós só temos coração e as mãos desnudas", encorajou o opositor aos seus seguidores.
Por enquanto, três pessoas morreram e 50 ficaram feridas nos enfrentamentos entre opositores e simpatizantes do Executivo entre a noite do sábado e a madrugada do domingo. Mais feridos foram registrados entre domingo e a manhã de hoje, principalmente em função do gás lacrimogêneo.
Apesar das mobilizações que se intensificaram há uma semana, a vida transcorre com normalidade na maior parte de Bangcoc e em outras cidades turísticas da Tailândia.
A primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, reafirmou ontem em entrevista coletiva que não pensa em renunciar ao cargo e voltou a oferecer uma saída para superar a crise política mediante o diálogo.
Yingluck qualificou como "inaceitáveis" e contrárias à Constituição as reivindicações do líder dos protestos para que ceda o poder a um conselho popular não eleito pelo povo.
A Tailândia vive uma grave crise política há oito anos com frequentes manifestações e protestos populares que procuram paralisar o governo no poder.