Argélia: o presidente Bouteflika ficou 20 anos no poder (Ramzi Boudina/Reuters)
AFP
Publicado em 3 de maio de 2019 às 17h17.
Os argelinos se manifestaram pela 11ª sexta-feira consecutiva, a última antes do início do mês de jejum muçulmano do Ramadã.
Apesar da chuva, o Grande Poste de Argel, emblemático prédio dos Correios que se tornou epicentro dos protestos, foi cercado por uma multidão que se estendeu por vários quilômetros ao longo de um dos principais eixos da cidade.
Aparentemente, o número de participantes foi menor hoje, na comparação com os outros dias.
Um mês após a renúncia do presidente Abdelaziz Bouteflika em 2 de abril, sob a pressão das ruas e do Exército após 20 anos no poder, o movimento de protesto não diminuiu.
"Rejeitamos este sistema. Tem que ir embora. Este governo não pode garantir a transição", defendeu Amine, de 22 anos, estudante em Tizi Ouzou.
"Continuaremos durante o Ramadã [...] não cederemos", garantiu Zakia Benabdrhaman, de 56 anos, que chegou à capital com, sua mulher, procedente de Bumerdés.
A multidão rejeita, sobretudo, que as estruturas e figuras da máquina herdada de Bouteflika organizem as eleições presidenciais marcadas para 4 de julho. Os manifestantes também reivindicam uma transição dirigida por novos nomes.
O poder não cede, porém, no essencial.
Abdelkader Bensalah, um homem do aparato que acompanhou Abdelaziz Bouteflika durante 20 anos no poder e até sua saída em 2 de abril, continua sendo chefe de Estado interino.
E Nuredin Bedui, outro membro do regime, mantém-se como primeiro-ministro do "governo da vergonha", como manifestantes se referem ao governo do país.