No local esperavam muitos fiéis católicos, mas a polícia não deixou os manifestantes passarem (AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2011 às 19h15.
Madri - Milhares de manifestantes protestavam nesta sexta-feira no centro de Madri, fortemente vigiados pela polícia, contra a visita do Papa à capital espanhola, pouco depois da Via Crucis liderada por Bento XVI a algumas centenas de metros dali.
"Esta não é a juventude do Papa!", gritavam os manifestantes, - entre 3.000 e 5.000, segundo vários jornalistas da AFP - que também protestavam contra a violência com a qual a polícia dispersou, nos dois dias anteriores, jovens contrários à visita papal e à Jornada Mundial da Juventude - que Madri recebe até domingo - na praça Puerta del Sol.
"Chega de brutalidade policial", "Não à violência", indicavam alguns dos cartazes vistos no protesto, que partiu da estação de Atocha e se dirigia para a Puerta del Sol, que tinha sido fechada pela polícia.
Os manifestantes pertencentes sobretudo ao movimento dos "indignados", nascido na Espanha em maio, tentavam chegar pelas ruas adjacentes a essa praça, para a qual se dirigia uma procissão para participar da Via Crucis do Papa.
No local esperavam muitos fiéis católicos, mas a polícia não deixou os manifestantes passarem.
"Não nos metemos com ninguém", dizia Elsa, uma desempregada de 45 anos que propunha deixar de "pagar impostos para que este senhor não viaje às nossas custas", em referência ao Papa.
"Eles têm descontos no metrô, nos restaurantes; eu não recebo descontos, eu não tenho trabalho", lamentava, em referência às facilidades concedidas aos centenas de milhares de jovens que participam da Jornada Mundial da Juventude em Madri.
Na quarta-feira, durante o primeiro protesto contra esta viagem do Papa, 4.000 pessoas participaram, convocadas por associações laicas e de esquerda. O protesto registrou confrontos verbais entre "indignados" e os fiéis católicos, separados a todo momento pela polícia.
Nesta sexta-feira, a polícia também tentava impedir o encontro entre manifestantes e católicos, mas dois grupos se encontraram e enquanto os "indignados" cantavam "Seu Papa é um nazista", os jovens desenhavam um coração com as mãos.
"Isso não leva a nada, é injusto. Estamos aqui apenas para ter um bom momento", se queixava Adrien, um fiel francês que participava do encontro.