Benny Tai: "a ocupação virou uma questão de alto risco, com poucas chances de recuperar o investido" (Johannes Eisele/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 10h31.
Hong Kong - Um dos fundadores do movimento pró-democracia de Hong Kong afirmou que continuar com as ocupações de ruas é arriscado, e pediu aos manifestantes que encontrem novas formas de desobediência civil.
Benny Tai, um dos três fundadores do movimento Occupy Central, considera que o movimento de ocupação de vários bairros da ex-colônia britânica já concluiu seu ciclo.
"A ocupação virou uma questão de alto risco, com poucas chances de recuperar o investido", escreveu Tai em um editorial publicado pelo New York Times.
"Alguns policiais se deixam dominar por suas emoções", como aconteceu durante os violentos choques de segunda-feira, exemplificou.
"O movimento recebeu o máximo apoio possível dos habitantes, e devemos encontrar outros meios para convencer o público de que o combate pela democracia é em seu próprio interesse", acrescentou.
Os líderes estudantis do movimento pró-democracia de Hong Kong anunciaram na quinta-feira que decidirão nos próximos dias se deixarão os locais que ocupam há mais de dois meses na antiga colônia britânica.
Vários líderes do movimento se declararam a favor do fim das manifestações e se entregaram simbolicamente à polícia.
Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas em 28 de setembro para exigir a instauração de um verdadeiro sufrágio universal, mas seu número foi diminuindo com o passar das semanas.
Atualmente ainda ocupam dois bairros deste território semiautônomo chinês, mas o apoio da opinião pública caiu.
Yvonne Leung, da Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS), explicou a uma rádio local que uma decisão será tomada rapidamente.
"É preciso tomar uma decisão sobre ficar ou ir. Em menos de uma semana precisamos ter decidido", afirmou.
Tommy Cheung, outro membro do HKFS, confirmou.
Até agora os estudantes sempre se negaram a deter as ocupações sem contrapartidas das autoridades.
Joshua Wong, do grupo Scholarism, um dos porta-vozes da "Revolução dos Guarda-Chuvas", em greve de fome desde terça-feira junto com outros quatro estudantes, declarou nesta quinta-feira que continuará com os protestos.
Esta é a pior crise da ex-colônia britânica desde sua restituição a Pequim, em 1997.
A China aprovou o princípio de "uma voz, um voto" para a próxima eleição de chefe de estado do executivo em 2017, mas decidiu pré-selecionar os candidatos.