YANGON, MYANMAR - FEBRUARY 17: Protesters gather at intersection near Sule pagoda as they protest against the military coup Wednesday, February 17, 2021, in Yangon, Myanmar. (Photo by Stringer/Anadolu Agency via Getty Images) (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)
Reuters
Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 11h24.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2021 às 12h56.
Centenas de milhares de pessoas marcharam em Mianmar nesta quarta-feira, rejeitando a afirmação do Exército de que o público apoia a deposição da líder eleita, Aung San Suu Kyi, e prometendo que não recuarão da tentativa de derrubar o regime militar.
Oponentes do golpe militar de 1º de fevereiro estão profundamente céticos com as garantias, dadas pela junta em uma coletiva de imprensa na terça-feira, de que haverá uma eleição justa e que esta cederá o poder, apesar de a polícia ter apresentado uma acusação adicional contra Suu Kyi.
A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, que está detida desde o golpe, agora enfrenta a acusação de violar a Lei de Gerenciamento de Desastres Naturais, além de acusações de importação ilegal de seis rádios walkie talkie. Sua próxima audiência está marcada para 1º de março.
"Amamos a democracia e odiamos a junta", disse Sithu Maung, membro eleito do partido Liga Nacional pela Democracia (NLD), de Suu Kyi, a dezenas de milhares de pessoas em Sule Pagoda, local central de protestos de Yangon, a principal cidade do país.
"Precisamos ser a última geração a passar por um golpe".
O general de brigada Zaw Min Tun, porta-voz do conselho governista, disse na coletiva de imprensa de terça-feira que 40 milhões dos 53 milhões de habitantes apoiam a ação dos militares.
Sithu Maung debochou, dizendo: "Estamos mostrando aqui que não estamos nestes 40 milhões".
O partido de Suu Kyi venceu com facilidade a eleição de 8 de novembro, como esperado, mas o Exército alega que houve fraude, diz que sua tomada de poder está alinhada com a Constituição e que continuará comprometido com a democracia.
Uma manifestante que se identificou como Khin se mostrou desdenhosa. "Eles disseram que houve fraude eleitoral, mas vejam as pessoas aqui".
O golpe que abreviou a transição instável do país sul-asiático rumo à democracia motiva manifestações diárias desde 6 de fevereiro. A manobra também atraiu críticas do Ocidente, e a acusação adicional contra Suu Kyi provocou indignação dos Estados Unidos.
Embora a China tenha adotado uma postura mais branda, na terça-feira seu embaixador em Mianmar refutou as acusações de que seu país apoia o golpe. Apesar disso, manifestantes também se reuniram diante da embaixada chinesa.
Zaw Min Tun não deu um cronograma para a realização de uma eleição na coletiva de imprensa, mas disse que o Exército não ficará no poder por muito tempo.