Mundo

Manifestantes anticapitalistas se recusam a deixar acampamentos em Londres

Cerca de 100 pessoas resistem diante de igreja, em pleno distrito financeiro

Catedral St. Paul's está há uma semana sem receber turistas e fiéis (Getty Images)

Catedral St. Paul's está há uma semana sem receber turistas e fiéis (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2011 às 18h47.

Londres - Os manifestantes que estão há 13 dias acampados em frente à catedral de St. Paul's, em Londres, para protestar contra o capitalismo insistiram nesta quinta-feira em permanecer no local, apesar das pressões da Igreja Anglicana e das autoridades britânicas, que buscam maneiras de expulsá-los.

Cerca de 100 manifestantes anticapitalistas que resistem sob a chuva diante da igreja protestante, em pleno distrito financeiro, protagonizam um incômodo confronto com os responsáveis da catedral, que se viu obrigada a fechar suas portas no último dia 21 por questões de segurança.

Após uma semana sem receber turistas e fiéis, algo que não acontecia desde a Segunda Guerra Mundial, a St. Paul's anunciou que abrirá suas portas nesta sexta-feira, mas o bispo de Londres, Richard Chartres, voltou a pedir aos manifestantes que "recolham suas barracas voluntariamente".

"Ficaremos o tempo que for necessário. Até que este sistema corrupto mude", afirmou nesta quinta-feira à Agência Efe um dos acampados em plena City (centro financeiro de Londres), que se faz chamar por Johnny Love.


A britânica Linsey Smith está de acordo: "Não pensamos em partir. Se a Polícia tentar nos tirar daqui, resistiremos pacificamente, com o sistema que Ghandi utilizava".

Em princípio, o movimento anticapitalista planejava se instalar em frente ao prédio da Bolsa de Londres, mas, por se tratar de uma propriedade privada a Polícia, não recebeu permissão. Por isso, os manifestantes resolveram acampar muito perto dali, em frente à catedral.

A proliferação de barracas e manifestantes provocou na sexta-feira passada o fechamento da igreja, já que as autoridades municipais consideravam que havia risco para a segurança dos visitantes.

Desde então, os responsáveis da catedral, que disseram perder cerca de R$ 50 mil por dia com a interdição, pediram várias vezes aos acampados que deixem o local, mas reconhecem entender o fundo de seus argumentos.


Diante da recusa dos manifestantes, os responsáveis pela catedral tiveram de buscar uma alternativa aos problemas de segurança e anunciaram nesta quinta-feira que a igreja voltará a abrir nesta sexta-feira para os fiéis e turistas, que pagam 14 libras (R$ 40) pela entrada. Para isso, decidiu-se instalar um corredor alternativo de passagem.

No entanto, o protesto e a disputa com os manifestantes provocaram consequências para a Igreja Anglicana. O cônego da catedral, Giles Fraser, renunciou nesta quinta-feira por divergências na forma de administrar a situação.

"Lamento muito e sinto tristeza por renunciar a meu posto na catedral de St. Paul's", disse pelo microblog Twitter Giles Fraser, que discorda da pretensão de seus superiores de expulsar os manifestantes.

Os acampados agradeceram o gesto de Fraser. Um deles disse à Efe: "Ele está do nosso lado. Renunciou oficialmente nesta manhã, porque a polícia e o governo pressionaram a Igreja para nos tirar daqui".


Aos manifestantes resta agora salvar outro empecilho: o possível despejo do local por parte das autoridades locais da City, que estudam medidas legais para fazê-lo.

Mas nem tudo são mostras de rejeição e incompreensão para com os manifestantes, majoritariamente jovens, que levam cartazes com palavras de ordem como "Liberdade de expressão" e "Recicle o capitalismo".

Em frente à escadaria da catedral, os manifestantes mantêm sob chuva, sem qualquer proteção, uma obra supostamente do grafiteiro britânico Bansky.

Os acampados dizem que pessoas próximas a Banksy chegaram há poucos dias com a obra, um jogo gigante de "Monopoly" (Banco Imobiliário) para expressar seu apoio ao movimento.


Por enquanto são muitas as dúvidas sobre a autenticidade da obra, que poderia valer milhares de libras caso realmente seja de Bansky.

"Se for autêntica, é emocionante. Se não for, atrai a imprensa. Portanto, está bem de qualquer maneira", assinalou Johnny, que não descarta vendê-la para apoiar economicamente o movimento, desde que Bansky esteja de acordo.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresEuropaLondresMetrópoles globaisPolítica no BrasilProtestosReino Unido

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru