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Manifestações seguem após impeachment da presidente sul-coreana

Um terceiro manifestante, de 74 anos, de acordo com a agência de notícias Yonhap, morreu neste sábado no hospital

Protesto: cerca de 50.000 manifestantes que se opõem à Park comemoravam o veredicto cantando: "o povo venceu!" (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Protesto: cerca de 50.000 manifestantes que se opõem à Park comemoravam o veredicto cantando: "o povo venceu!" (Chung Sung-Jun/Getty Images)

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AFP

Publicado em 11 de março de 2017 às 11h03.

A presidente sul-coreana destituída Park Geun-Hye estava confinada neste sábado no palácio presidencial, enquanto milhares de manifestantes exigiam a sua prisão em Seul, e outros protestavam contra seu impeachment.

Um dia após a Corte Constitucional confirmar a destituição de Park, votada em 9 de dezembro de 2016 pela Assembleia Nacional, um terceiro manifestante, de 74 anos, de acordo com a agência de notícias Yonhap, morreu neste sábado no hospital.

Ele perdeu a consciência na sexta-feira durante os confrontos entre a polícia e simpatizantes de Park, em que dois outros manifestantes morreram.

A ex-presidente ainda não fez qualquer comentário sobre a decisão da Corte, tomada por unanimidade pelos oito juízes.

Milhares de policiais foram mobilizados em Seul, enquanto cerca de 50.000 manifestantes que se opõem à Park comemoravam o veredicto cantando: "o povo venceu!" e "prendam Park!".

Por sua vez, cerca de 20.000 partidários da ex-mandatária seguiam reunidos para exigir um reexame da decisão da Corte. A polícia estabeleceu barreiras para separar as manifestações opostas.

O presidente da Comissão Eleitoral Nacional, Kim Yong-Deok, expressou uma "crescente preocupação" frente a tensão antes da eleição de um novo presidente, a ser realizada no prazo de 60 dias.

"O voto deve proporcionar a oportunidade de superar as divisões e conflitos e alcançar a unidade nacional e harmonia", declarou em um discurso televisionado ao vivo.

O Partido Democrata, principal formação de oposição, exortou a presidente a aceitar a decisão e a acusou de se comportar como se negasse o veredito.

O próprio o partido de Park, Liberdade Coreia, apresentou na sexta-feira suas desculpas, com seu presidente interino afirmando ter "falhado em proteger a dignidade e o orgulho da Coreia do Sul".

Sozinha em seu quarto

De acordo com a imprensa sul-coreana, Park acompanhou ao vivo pela televisão, sozinha em seu quarto, o anúncio da decisão da justiça.

Incrédula, imediatamente telefonou para seus conselheiros para confirmar o desfecho do caso, segundo o jornal Chosun Ilbo. De acordo com seus conselheiros, citados pelo jornal, ela não tem planos imediatos de emitir um comunicado de imprensa sobre a decisão da Corte ou sobre suas próprias intenções.

"A presidente pareceu surpreendida com a decisão. Parecia abatida", afirmou um dos conselheiros que não foi identificado pelo jornal, acrescentando que "deseja ficar sozinha neste momento".

Park deve deixar a Casa Azul, da presidência sul-coreana onde está enclausurada, mas espera que a sua residência privada esteja pronta, indicou na sexta-feira um porta-voz.

A confirmação de sua destituição a priva de todos os seus poderes e privilégios, exceto em termosde segurança. A perda de sua imunidade a expõe a eventuais ações legais.

Park, filha do ditador Park Chung-Hee, se tornou a primeira presidenta da Coreia do Sul, ao ser eleita em 2012 com a maior votação da história democrática do país.

Mas seu estilo distante e uma série de polêmicas, somadas ao descontentamento social e político, minaram sua popularidade e levaram milhões de pessoas às ruas para pedir o impeachment.

Em dezembro, o Parlamento destituiu Park por corrupção e abuso de poder, em uma decisão confirmada nesta sexta-feira pela mais alta corte do país.

O escândalo político teve como figura central Choi Soon-sil, chamada de "Rasputina" pela imprensa. Amiga de Park há 40 anos, Choi Soon-sil é acusada de utilizar sua influência para receber mais de 70 milhões de dólares de diferentes empresas sul-coreanas, e de intromissão nos assuntos do Estado.

Park pediu perdão, em diversas ocasiões, pelo escândalo, mas sempre negou as acusações de ter agido ilegalmente. "Jamais busquei enriquecimento ou abusei do poder como presidente (...). Peço à corte que adote uma decisão sabia", argumentou em carta enviada aos juízes.

A Corte concluiu que Park violou a lei ao permitir a ingerência de Choi Soo-sil em assuntos do Estado.

Com a destituição de Park, a Coreia do Sul deve realizar eleições presidenciais em 9 de maio, e o favorito é Moon Jae-In, antigo líder do opositor Partido Democrático, que tem o apoio de 36,1% dos eleitores, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira.

A destituição de Park ocorre em um momento particularmente delicado para a Coreia do Sul, que enfrenta uma crescente tensão com a vizinha Coreia do Norte, agravada nos últimos dias pelos disparos de mísseis balísticos norte-coreanos sobre o Mar do Japão.

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