Manchester: este foi o atentado mais violento no Reino Unido desde os ataques aos transportes públicos de Londres em 2005 (Andrew Yates/Reuters)
AFP
Publicado em 30 de maio de 2017 às 13h38.
Reabertura da estação Victoria, retorno ao trabalho depois de um fim de semana prolongado: a vida recuperava gradualmente seu curso nesta terça-feira em Manchester, uma semana depois de um atentado suicida que matou 22 pessoas, sobre o qual a investigação avançava "rapidamente".
Ao lado do Manchester Arena, onde Salman Abedi detonou a carga explosiva na segunda-feira 22 de maio na saída de um show da cantora pop americana Ariana Grande, a Victoria Station reabriu nesta manhã na presença do prefeito Andy Burnham e do ministro dos Transportes Chris Grayling.
"Senti arrepios ao vir à estação pela primeira vez. Amanhã a rotina será retomada. A vida precisa continuar", declarou à AFP Sharon Glyn, de 48 anos, a caminho para trabalho.
A estação foi fechada por uma semana para que os investigadores recolhessem pistas. Quatorze suspeitos seguem sob custódia nesta terça-feira, enquanto a polícia continua a procurar cúmplices que poderiam ter participado na preparação para o ataque, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI).
"A investigação tem progredido muito rapidamente", comentou o chefe da polícia de Manchester, Ian Hopkins, na BBC Radio Manchester.
Ele confirmou que o homem-bomba, um britânico de origem líbia de 22 anos, era conhecido da polícia, mas por "crimes relativamente menores", incluindo roubos, cometidos em 2012, e não por suas posições extremistas.
"Do ponto de vista da polícia, isso é tudo que temos. Não sei se os serviços de inteligência conheciam ou não esse indivíduo neste momento", acrescentou.
Uma investigação foi aberta pelo MI5 (inteligência interna) sobre eventuais erros, uma vez que em pelo menos três ocasiões os sinais de radicalização de Salman Abedi foram relatados às autoridades.
A polícia divulgou na segunda-feira uma nova imagem do suicida com uma grande mala azul de rodinhas. Ela não foi usada na explosão que matou 22 pessoas, incluindo sete crianças, mas o autor foi visto com ela no centro da cidade no dia do ataque, informou a polícia, que lançou um novo apelo a testemunhas.
"Os investigadores continuam a reunir pistas em 18 locais em toda a grande Manchester. Em alguns pontos foram encontrados objetos de grande importância para a investigação", segundo Hopkins, sem fornecer maiores detalhes.
A polícia tenta traçar os passos do homem-bomba desde 18 de maio, quando voltou para o Reino Unido depois de uma estadia na Líbia, citada por uma fonte próxima à família.
Salman Abedi havia alugado um apartamento no centro de Manchester, sua cidade natal, onde provavelmente montou o explosivo antes de utilizá-lo, de acordo com os investigadores.
Este foi o atentado mais violento no Reino Unido desde os ataques aos transportes públicos de Londres em 2005, que mataram 52 pessoas.
Graças aos avanços na investigação, o nível de alerta terrorista no Reino Unido foi rebaixado no sábado de "crítico" para "grave", o que significa que um ataque é "altamente provável", mas não "iminente".
O exército, que esteve de prontidão para apoiar a polícia durante todo o fim de semana em locais públicos, retirava-se das ruas gradualmente nesta terça-feira.
Esta noite, o ex-vocalista do Oasis, Liam Gallagher, vai se apresentar em Manchester em um show cuja renda será doada para as vítimas do ataque que também deixou 116 feridos.
O atentado colocou a segurança no centro da campanha eleitoral de 8 de junho, retomada na sexta-feira depois de ser suspensa em razão do ataque.
Durante um programa de televisão na segunda-feira à noite, a primeira-ministra Theresa May foi interrogada várias vezes sobre os cortes orçamentários impostos pelo governo conservador à polícia.
E nesta terça, May aproveitou um discurso em Wolverhampton (centro da Inglaterra) para atacar o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, incapaz a seus olhos de negociar a saída da UE.
Segundo a última pesquisa ITV-Survation, os Tories (43%) dispõem um pouco mais de seis pontos de vantagem para o Labour (37%, em alta de três pontos), contra vinte no início de maio.