Malária: a população de risco total chega a 3,3 bilhões de pessoas no mundo, das quais 2,5 bilhões vivem fora da África (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2012 às 21h20.
Nova York - A malária afeta 34 milhões de pessoas e provoca 46.000 mortes por ano fora da África, indica um informe divulgado esta sexta-feira, durante a conferência "Malária 2012: salvando vidas na Ásia-Pacífico", celebrada em Sydney.
Oitenta e oito por cento destes 34 milhões de casos e a maioria das 46.000 mortes anuais é registrada na região Ásia-Pacífico, que tem 20 países onde a malária é endêmica, o que levou vários especialistas a solicitar uma ação mais enérgica contra a malária nesta região.
Segundo o informe, intitulado "Derrotar a malária na Ásia, no Pacífico, nas Américas, no Oriente Médio e na Europa", a população de risco total chega a 3,3 bilhões de pessoas no mundo, das quais 2,5 bilhões vivem fora da África.
A malária é uma doença transmitida por um mosquito e causada por um parasita, o 'Plasmodium falciparum'. Grande parte dos recursos internacionais para lutar contra ela financiam iniciativas na África.
Fora da Ásia, há 1,1 milhão de casos nas Américas, onde 1.200 pessoas morreram com a doença em 2010 e 2,9 milhões de casos no Oriente Médio e no Cáucaso, onde morreram 3.100 pessoas em 2010.
Nas Américas, "a maioria dos casos de malária surgem da Bacia do Amazonas, em distritos de Brasil, Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela", diz o informe.
"Muitas infecções estão associadas a projetos de colonização, atividades mineradoras e silvicultura", ressalta.
Por outro lado, "Hispaniola é a única ilha do Caribe onde a malária é endêmica. A maioria dos casos se apresenta em Haiti, que reportou aproximadamente 84.000 casos confirmados em 2010. A República Dominicana deu parte de 2.500 casos, a maioria em regiões fronteiriças com o Haiti", continua.
"As pessoas entre os 5 e os 49 anos de idade, ou seja, nas idades mais produtivas da vida, são a maioria dos casos diagnosticados" nas Américas.
Por ocasião da divulgação deste relatório, Fatoumata Nafo-Traore, que dirige a associação Fazer Retroceder a Malária, reforçou que "a Ásia tem a segunda maior carga em matéria de malária, a segunda depois da África".
"A região precisa reforçar sua liderança política", declarou. "Também precisa desenvolver estratégias de financiamento que compreendam investimentos internos substanciais e constantes, a tradicional ajuda multilateral e bilateral, e fontes de financiamento realmente inovadoras", acrescentou.
Na quarta-feira, especialistas que participam desta conferência haviam advertido que uma forma de resistência ao principal medicamento contra a malária está se espalhando na Ásia.
A malária resistente ao tratamento padrão, a artemisina, foi confirmada no Camboja em 2006 e desde então apareceu a 800 km na direção oeste, na fronteira entre Tailândia e Mianmar, afirmaram os pesquisadores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os medicamentos de baixa qualidade e as falsificações representam um grande problema para o mundo, em um momento em que emergem indícios de uma resistência crescente à artemisina, o principal tratamento contra a malária, uma doença que segundo a OMS matou 655.000 pessoas em 2010.