Patrulha do exército na Nigéria: apesar do anúncio das autoridades sobre uma grande operação de resgate, os moradores da região afirmam que perderam a confiança nas forças de segurança, que por engano anunciaram no meio da semana a libertação da maioria das estudantes (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2014 às 08h21.
São Paulo - Outras 14 estudantes do ensino secundário, das 129 sequestradas na segunda-feira pelo grupo islamita armado nigeriano Boko Haram, conseguiram escapar, mas 85 permanecem desaparecidas, anunciaram as autoridades do país.
"Tenho o prazer de anunciar que outras 14 estudantes escaparam de seus sequestradores", declarou Mallam Inuwa Kubo, secretário de Educação dos estado de Borno, nordeste da Nigéria, onde 129 adolescentes do instituto Chibok foram sequestradas na segunda-feira.
"Agora temos 44 alunas livres das 129", completou o secretário.
As autoridades não souberam explicar como o grupo conseguiu escapar dos sequestradores. Kubo informou que 11 delas foram encontradas quando fugiam pela estrada de Damboa, que liga Chibok a Maiduguri, a capital de Borno.
O sequestro de 129 estudantes na segunda-feira passada em uma escola pelo Boko Haram foi uma operação sem precedentes em uma país habituado aos ataques violentos do grupo.
"Esperamos o retorno das 85 estudantes ainda desaparecidas. Continuma os trabalhos intensos de busca", disse Kubo.
De acordo com os depoimentos das estudantes que conseguiram escapar no dia seguinte ao sequestro, o grupo islamita levou as vítimas para a floresta de Sambisa, reduto do Boko Haram no estado de Borno, onde o grupo tem vários acampamentos.
Apesar do anúncio das autoridades sobre uma grande operação de resgate, os moradores da região afirmam que perderam a confiança nas forças de segurança, que por engano anunciaram no meio da semana a libertação da maioria das estudantes.
Mas o anúncio foi desmentido imediatamente pela diretora da escola e pelas autoridades regionais, o que obrigou o exército a admitir o erro.
Diante da impotência das autoridades, as famílias das reféns organizaram grupos para tentar encontrar suas filhas.
O Boko Haram, cujo nome significa "A educação ocidental é um pecado" em língua hausa, falada no norte da Nigéria, ataca universidades e escolas com frequência desde o início da insurreição, em 2009, que deixou milhares de mortos.
O grupo deseja criar um Estado estritamente islâmico no norte da Nigéria.
O sequestro em massa e inédito, que provocou indignação entre a opinião pública internacional, aconteceu no mesmo dia de um atentado extremamente violento na capital nigeriana, Abuja, que deixou 75 mortos e 114 feridos, também atribuído ao Boko Haram.
O ataque contra um terminal de ônibus, que foi reivindicado neste sábado pelo Boko Haram, foi o mais violento cometido pelo grupo islamita na capital da Nigéria.
"Nós organizamos o ataque de Abuja", declarou o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, em um vídeo de 28 minutos divulgado neste sábado.
Com um fuzil kalashnikov apoiado no ombro e de uniforme militar, o líder insurgente falou em árabe e em hausa.