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Mais desunida do que nunca, oposição volta a dialogar com Maduro

"Queremos anunciar à Venezuela que estamos prontos para uma negociação internacional efetiva para levar soluções aos cidadãos", disse um dos opositores

O presidente venezuelano Nicolás Maduro (Marcp Bello/Reuters)

O presidente venezuelano Nicolás Maduro (Marcp Bello/Reuters)

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EFE

Publicado em 10 de novembro de 2017 às 06h51.

Caracas - A oposição venezuelana anunciou nesta quinta-feira um novo processo de diálogo com o governo, que terá início na próxima quarta-feira, na República Dominicana, enfrentando uma crescente divisão dentro da aliança de partidos antichavismo e enquanto um de seus líderes pede asilo político no Chile.

"Queremos anunciar à Venezuela que estamos prontos para uma negociação internacional efetiva para levar soluções aos cidadãos", disse o deputado Luis Florido, dirigente do Vontade Popular (VP) e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento.

Os contatos serão feitos por meio da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a principal aliança de oposição, que está profundamente dividida. A coalizão denunciou como violação ao Estado de direito a retirada da imunidade do vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara, que foi à embaixada do Chile em Caracas temendo ser preso.

Sobre os objetivos da oposição neste novo capítulo das negociações com o governo, Florido destacou como prioridade criar, com a ajuda de países como México, Chile e Paraguai, condições eleitorais justas para concorrer com garantias contra os chavistas no pleito presidencial que deve ocorrer em 2018.

A MUD insistiu nas últimas semanas na necessidade de conseguir mudanças no Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) depois de assinalar graves irregularidades e apresentar provas de fraude no pleito estadual realizado em 15 de outubro, no qual o chavismo ganhou em 18 dos 23 estados do país.

Entre as exigências da oposição no diálogo também estarão, mais uma vez, a libertação de pessoas consideradas como "presos políticos", a abertura de um canal humanitário e a restituição dos poderes do Parlamento.

O Tribunal Supremo de Justiça (TJS) suspendeu as funções do Parlamento depois da vitória por maioria absoluta da MUD nas eleições legislativas de dezembro de 2015. A Assembleia Nacional Constituinte, integrada somente por chavistas, assumiu os poderes parlamentares em agosto deste ano.

Segundo Florido, a decisão de voltar às negociações conta com o apoio de mais de 104 dos 112 deputados da MUD no Parlamento e foi avalizada por todos os partidos da oposição representados no Legislativo, incluindo o Vente Venezuela, da ex-deputada María Corina Machado.

Florido, dirigente do VP - partido fundado e liderado por Leopoldo López, que segue em prisão domiciliar -, fez as afirmações depois de Machado ter criticado o diálogo com o governo.

De acordo com a ex-deputada, os chavistas oferecem negociar a renovação do CNE, mas sem "perder o controle" sobre o órgão, em troca de que o Parlamento aprove o refinanciamento da dívida externa pretendido pelo presidente do país, Nicolás Maduro.

O Vente Venezuela rebateu Florido e negou ter apoiado o diálogo.

Se uniram à postura outros dois integrantes da MUD. Uma delas é a Aliança Bravo Povo (ABP), do prefeito de Caracas, Antonio Ledesma, também em prisão domiciliar e considerado preso político pela Anistia Internacional. O outro é A Causa R, de Andrés Velásquez.

"Insistem em tomar decisões sem nos consultar!", escreveu no Twitter o deputado da ABP, Richard Blanco.

Já Velásquez, que apresentou provas da fraude eleitoral que teria impedido sua vitória no estado de Bolívar, no sul do país, também disse que não foi consultado sobre o diálogo com o governo.

O início das negociações foi confirmado pelo novo ministro de Informação, Jorge Rodríguez, com uma mensagem no Twitter na qual se referia a Florido como "porta-voz da direita". O VP, no entanto, faz parte da Internacional Socialista.

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