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Mais de 900 mulheres desapareceram no Peru durante a quarentena

Desaparecimento de mulheres é um problema endêmico no Peru; antes da pandemia, eram relatados em média cinco casos por dia, mas número subiu para oito

Mulheres no Peru: em 2019, 166 feminicídios foram registrados no Peru e um décimo deles foram catalogados como desaparecimentoEm 2019, 166 feminicídios foram registrados no Peru e um décimo deles foram catalogados como desaparecimento (AFP/AFP)

Mulheres no Peru: em 2019, 166 feminicídios foram registrados no Peru e um décimo deles foram catalogados como desaparecimentoEm 2019, 166 feminicídios foram registrados no Peru e um décimo deles foram catalogados como desaparecimento (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 28 de julho de 2020 às 10h16.

Última atualização em 28 de julho de 2020 às 10h16.

Mais de 900 mulheres, a maioria crianças e adolescentes, desapareceram no Peru durante os três meses e meio de quarentena nacional pela pandemia, um aumento em comparação com os números anteriores, informou nesta segunda-feira(27), a Defensoria do Povo.

O desaparecimento de mulheres é um problema endêmico no Peru. Antes do confinamento, eram relatados em média cinco casos por dia, mas o número subiu para oito durante o crise de saúde, segundo a Ouvidoria.

"Durante a quarentena, de 16 de março a 30 de junho, 915 mulheres foram registradas como desaparecidas no Peru", disse à AFP Eliana Revollar, defensora dos Direitos da Mulher.

"Precisamos saber o que aconteceu com elas", disse o defensor Walter Gutiérrez à rádio RPP.

Revollar afirmou "os registros de meninas e adolescentes desaparecidas são os mais altos e excedem 70% do número total".

Ela informou que, embora algumas mulheres tenham reaparecido mais tarde, por falta de um registro policial nacional, não se sabe quantas ainda estão desaparecidas.

Segundo ONGs feministas, a polícia e os promotores não costumam investigar estes casos porque acreditam que elas saíram voluntariamente, sem considerar o alto número de feminicídios, tráfico de seres humanos e prostituição forçada no país.

"Há resistência da polícia em pegar esses casos. Exigimos que o registro nacional de pessoas desaparecidas seja concluído", disse Revollar.
Em janeiro, um caso de grande repercussão foi de Solsiret Rodríguez, estudante universitária e ativista contra a violência de gênero. Ele havia desaparecido há três anos e seu paradeiro não despertou a atenção das autoridades até que seu corpo mutilado fosse encontrado em Lima.

Em 2019, 166 feminicídios foram registrados no Peru e um décimo deles foram catalogados como desaparecimento. Nos primeiros dois meses da quarentena, 12 feminicídios e 26 tentativas deste crime foram registrados no Peru.

Além disso, 226 meninas e adolescentes foram vítimas de abuso sexual e 27.997 denúncias de violência doméstica foram realizadas por telefone, segundo o Ministério da Mulher.

A quarentena foi levantada em 30 de junho em 18 das 25 regiões do Peru, incluindo Lima.

Com 33 milhões de habitantes, o Peru registrou até domingo mais de 384.000 casos de coronavírus e 18.229 mortes. É o terceiro país com mais infecções e óbitos na América Latina, atrás do Brasil e do México.

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