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Mais de 800 toneladas de ajuda entraram na Venezuela de contrabando

Segundo a ONU, pelo menos 7 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população da Venezuela, precisam de ajuda humanitária urgente

Protesto em um muro na Venezuela, onde se pode ler: "Não há paz com fome" (Marco Bello/Reuters)

Protesto em um muro na Venezuela, onde se pode ler: "Não há paz com fome" (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de maio de 2019 às 20h54.

Aproximadamente 814 toneladas de alimentos e medicamentos entraram na Venezuela por contrabando nas últimas seis semanas, graças a "heróis anônimos" que trabalham nas fronteiras, disse nesta quarta-feira na ONU o coordenador para ajuda humanitária do líder opositor Juan Guaidó.

"A diáspora venezuelana mostrou que se a porta for fechada, ela entra pela janela", disse Lester Toledo a um pequeno grupo de jornalistas antes de se reunir na ONU com o representante da Cáritas nas Nações Unidas, Joseph Donnelly.

A ajuda "está entrando graças aos heróis anônimos, àqueles soldados que nos estão vendo e ouvindo, àqueles que trabalham na alfândega, que trabalham nas fronteiras, que possibilitam a sua entrada", explicou.

Segundo a ONU, pelo menos sete milhões de pessoas, cerca de um quarto da população da Venezuela, precisam de ajuda humanitária urgente.

A Venezuela sofre uma grave crise econômica, com uma hiperinflação que o Fundo Monetário Internacional projeta em 10.000.000% para este ano e uma aguda escassez de medicamentos e outros bens básicos.

Mais de 100.000 quilos de alimentos chegaram recentemente a Santa Elena, no estado de Bolívar, na fronteira com o Brasil, disse Toledo, que também descreveu o envio de cadeiras de rodas, geradores e material ortopédico não disponível no país.

A ajuda vem do Brasil, de Curaçao, do Panamá, dos Estados Unidos, do setor privado e "da diáspora venezuelana que organiza e faz grandes coletas humanitárias", disse.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha distribui um primeiro carregamento de ajuda humanitária na Venezuela desde 16 de abril, em meio à disputa de poder entre o opositor Juan Guaidó e o presidente Nicolás Maduro, que finalmente autorizou sua entrada.

Mas Toledo assegurou que nem estas 800 toneladas de ajuda nem a que a Cruz Vermelha está distribuindo são suficientes.

"A melhor e mais importante ajuda humanitária que o povo da Venezuela pode receber é a cessação da usurpação, que venha um governo de transição que nos faça não precisar contrabandear ajuda", disse.

A ONU calcula que diariamente cerca de 5 mil venezuelanos deixam o país devido à falta de alimentos, atendimento médico e remédios. Desde 2015, o êxodo é de quase três milhões de pessoas.

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