Bolívia: a polícia está trabalhando no desbloqueio de estradas porque em alguns lugares durante mais de 36 horas há viajantes "sequestrados" nos ônibus de transporte (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2016 às 15h35.
La Paz - Mais de 5 mil mineiros com explosivos mantêm nesta quinta-feira bloqueadas as estradas de seis regiões da Bolívia pelo segundo dia consecutivo para rejeitar uma norma sobre a formação de sindicatos que consideram prejudicial para suas cooperativas.
O ministro boliviano de governo (Interior), Carlos Romero, disse em entrevista coletiva que cerca de "5,2 mil cooperativistas mobilizados, fortemente armados com dispositivos explosivos, dinamite" obstruem a passagem em 11 pontos das rotas do país.
O maior bloqueio está na zona de Mantecani, na estrada entre as cidades de La Paz e Oruro (oeste), onde há mil mineiros interrompendo a rota e perto do lugar, segundo constatou a Agência Efe, há outro tanto de policiais antidistúrbios.
Também há obstruções entre Oruro e Cochabamba (centro), em todos os acessos à cidade de Potosí (sudoeste), uma rota do departamento de Santa Cruz (leste) e outra de Chuquisaca (sudeste), segundo Romero.
O ministro também advertiu sobre a presença de mineiros armados com fuzis em Cochabamba para impedir que os policiais usem maquinaria pesada para despejar a terra colocada em uma estrada do lugar.
Segundo Romero, a polícia está trabalhando no desbloqueio de estradas porque em alguns lugares durante mais de 36 horas há viajantes praticamente "sequestrados" nos ônibus de transporte no meio aos bloqueios de estrada, sem ter alimentos.
Em referência aos violentos fatos da quarta-feira, Romero considerou que foram cometidos vários crimes, em particular quando dezenas de policiais foram tomados como reféns e foram atingidos pelos manifestantes.
Os mineiros libertaram na madrugada de hoje 50 agentes "sequestrados", após uma decisão dos promotores de deixar em liberdade outros manifestantes que participaram das violentas manifestações da quarta-feira.
Romero disse que os advogados de seu Ministério pedirão que os mineiros envolvidos "sequestro" dos agentes sejam investigados.
O ministro pediu que os cooperativistas deixem a violência, que "parem com as agressões, com os sequestros e torturas" e dialoguem com o governo.
As cooperativas mineiras rejeitam com suas manifestações, que são indefinidas, a aprovação da criação de sindicatos nesse tipo de organizações porque funcionam com dezenas de milhares de trabalhadores terceirizados.
As cooperativas mineiras, que asseguram ter 150 mil filiados, sempre foram questionadas porque têm parceiros que são patrões capitalistas e outros terceirizados cujos direitos são vulnerados, segundo as investigações sobre o setor.
Romero acusou os mineiros de terem a intenção de buscar uma reforma maior do que a legislação mineira para permitir que essa organização possa assinar contratos com privados para arrendar suas concessões, o que o governo rejeita plenamente.