Ucrânia: os residentes na área em conflito vivem sob a ameaça permanente das minas terrestres e há restos de explosivos ao redor de casas e que contaminam as áreas cultiváveis (Getty Images)
EFE
Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 13h02.
Genebra - A ONU denunciou nesta quinta-feira que 9.758 pessoas morreram no conflito armado no leste da Ucrânia, das quais 2 mil eram civis, enquanto cerca de 22,8 mil ficaram feridas, entre meados de abril de 2014 e 1° de dezembro deste ano.
O relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU confirma o "fracasso" na implementação dos Acordos de Minsk, adotados em fevereiro de 2015, e que estabeleciam um cessar-fogo, a retirada de todo o armamento pesado, a convocação de eleições locais nas zonas sob controle dos rebeldes pró-Rússia e a libertação de todos os reféns.
Esses grupos armados mantêm o controle das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia que faz fronteira com a Rússia.
Em seu 16° relatório sobre a situação na Ucrânia desde que explodiu o conflito, o Escritório de Direitos Humanos da ONU afirma que ambos os grupos "continuam utilizando armas proibidas e não tomam suficientes precauções para evitar a destruição de serviços básicos, como escolas, creches e hospitais".
Os residentes na área em conflito vivem sob a ameaça permanente das minas terrestres e há restos de explosivos ao redor de casas e que contaminam as áreas cultiváveis.
Além disso, os habitantes das zonas separatistas não têm liberdade de movimento e não há transporte público que atravesse a chamada linha de separação entre os controles rebeldes e os do Exército ucraniano.
Isto obriga os civis a caminharem pelo menos três quilômetros para chegar de um lado ao outro, o que faz o trânsito especialmente difícil para idosos, incapacitados e famílias com crianças.
Segundo a ONU, são especialmente preocupantes as condições dos presos em Lugansk e Donetsk que "podem estar submetidos a torturas e outros tipos de tratamento desumano, tais como violência sexual ou de gênero".
O relatório também denuncia as condições de vida dos deslocados internos nessas regiões, que "não podem ter acesso às prestações sociais" do Estado ucraniano, como as pensões.