Papa: os Emirados abrigam cerca de metade dos dois milhões de católicos expatriados que vivem na península (Vatican Media/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 10h31.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2019 às 10h32.
Abu Dhabi - Dezenas de milhares de católicos e vários milhares de muçulmanos compareceram, nesta terça-feira, a uma missa pública inédita na Península Arábica do papa Francisco, o primeiro pontífice a visitar a região.
Mais de 120 mil fiéis lotaram o estádio da Cidade Esportiva de Zayed e seus arredores em Abu Dabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para ver o papa, que viajou ao país do Golfo Pérsico para promover o diálogo inter-religioso.
Os Emirados abrigam cerca de metade dos dois milhões de católicos expatriados que vivem na península, que inclui a Arábia Saudita, o berço do islamismo. A comunidade inclui grandes contingentes das Filipinas e da Índia.
"Certamente não é fácil para vocês viverem longe de casa, sentindo falta da afeição de seus entes queridos, e talvez também sentindo incerteza sobre o futuro", disse o papa, pedindo aos presentes para se inspirarem em Santo Antônio Abade, fundador do monacato no deserto.
"O Senhor se especializa em fazer coisas novas: ele pode até abrir caminhos no deserto", disse ele ao final de uma viagem durante a qual se encontrou com o grande imã da mesquita de Al-Azhar, no Egito, e com líderes dos Emirados.
Francisco entrou no estádio em um jipe branco sem teto e foi saudado com entusiasmo pela plateia. Pessoas usando bonés de beisebol brancos com o logotipo da visita lotavam as arquibancadas e tiravam fotos com seus smartphones.
Milhares de pessoas saudavam e acenavam com bandeiras do Vaticano enfileiradas na entrada do estádio, tendo a Grande Mesquita do Xeique Zayed e os arranha-céus de Abu Dabi como pano de fundo."Para mim, como cristão, este é um dos dias mais importantes da minha vida", disse Thomas Tijo, de 44 anos, que é natural de Kerala, Estado do sul indiano, mora nos Emirados e viajou de ônibus de madrugada para ir ao estádio.
"Estamos longe de casa, e isso é como um cobertor aconchegante", disse ele segurando o filho de três anos, Marcus. Organizadores disseram estar esperando católicos de cerca de 100 nações na missa, além de cerca de 4 mil muçulmanos, incluindo autoridades do governo.
O papa, que chegou no domingo a convite do príncipe herdeiro de Abu Dabi, aproveitou a visita para repudiar guerras regionais, inclusive a do Iêmen, o país mais pobre da península, onde os Emirados estão envolvidos com uma coalizão militar de liderança saudita. Ele também pediu mais cooperação entre católicos e muçulmanos.
Durante o serviço o papa se pronunciou em italiano e inglês, que é amplamente falado nos Emirados, onde os expatriados superam os nativos em uma proporção de nove para um.