(Ahmad Gharabli/AFP/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 2 de julho de 2021 às 16h18.
Última atualização em 2 de julho de 2021 às 17h21.
Mais de um milhão de doses da vacina contra a covid-19 da Pfizer que estão em Israel podem ser jogadas fora depois que as tentativas de negociar um acordo de troca com o Reino Unido falharam, informou o jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira, 2.
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As vacinas têm validade para o final de julho, e o governo israelense não deve conseguir usá-las antes disso.
Israel teria oferecido as doses ao Reino Unido em troca de um número semelhante de vacinas que os britânicos devem receber da Pfizer em setembro.
Os quatro territórios do Reino Unido (País de Gales, Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte) têm hoje 49% da população vacinada completamente e 66% vacinada com ao menos uma dose.
O interesse em comprar as doses israelenses residia no fato de que as autoridades de saúde querem vacinar o máximo da população adulta possível antes que as restrições contra a covid sejam suspensas no final deste mês.
Na quinta-feira 1, o Canal 12 de Israel disse que as negociações com o Reino Unido estavam em estágio avançado. Mas autoridades israelenses disseram mais tarde que problemas técnicos atrapalharam o negócio.
"Houve discussões entre Israel e o Reino Unido sobre a possibilidade de troca de vacinas, mas infelizmente, apesar da vontade de ambas as partes, por motivos técnicos, não deu certo", disse um porta-voz do ministério de Relações Exteriores.
Há duas semanas, Israel já havia tentado vender 1,2 milhão de doses da Pfizer ao governo palestino, que foram recusadas por estarem perto da data de validade.
Não está confirmado se as vacinas são as mesmas oferecidas ao Reino Unido. Algumas das vacinas oferecidas aos palestinos venciam ainda mais cedo, no mês de junho.
A negociação tinha condições parecidas às das tratativas com o Reino Unido: Israel havia oferecido enviar imediatamente as doses perto de vencer e, em troca, receber da Pfizer as doses novas que os palestinos haviam comprado, a serem entregues também em setembro.
"O governo se recusa a receber vacinas prestes a vencer", disse na ocasião um porta voz da Autoridade Palestina, após ter recebido 90.000 doses com vencimento para os dias seguintes, em imagens que geraram revolta nas redes sociais.
Israel foi o país que mais vacinou após os primeiros meses de vacina disponível, a partir de dezembro, mas tem tido dificuldade em completar a vacinação — o que explica em parte as doses "sobrando" que o país tenta vender ao exterior.
Apesar de já ter retirado a maioria das restrições, como o uso obrigatório de máscara, Israel ainda não conseguiu atingir a faixa considerada ideal por especialistas, acima de 75% ou mesmo 80% da população completamente vacinada.
O grupo não vacinado deixa o país mais exposto a novas variantes vindas do exterior.
Como em outros países, Israel tem feito campanhas de conscientização para convencer a população a se vacinar. O principal alvo são os mais jovens, onde a fatia de vacinados é proporcionalmente menor. O desafio de avançar na imunização tem ocorrido também em outros países com doses sobrando, como os Estados Unidos.
Segundo o Canal 12, a Pfizer também rejeitou um pedido de Israel para estender a data de validade das vacinas ofertadas ao Reino Unido, justificando que não poderia garantir que as doses estariam seguras depois de 30 de julho.
Até agora, não há perspectiva de que o Reino Unido queira fazer um novo acordo de troca com outros países, segundo o The Guardian.
A Organização Mundial da Saúde orienta os países a não descartarem nenhuma dose de vacinas contra a covid-19 que esteja perto da validade, ou mesmo vencida, até que saiam os resultados de uma pesquisa para saber se os imunizantes ainda poderiam ser úteis por mais tempo.
(Com Estadão Conteúdo)