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Maduro se diz disposto a estabelecer "novo caminho" com EUA

Presidente venezuelano convocou a nova administração de Joe Biden a "virar a página" para tentar reestabelecer as relações diplomáticas entre Caracas e Washington

 (Carlos Barria/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 09h53.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não reconhecido pelos Estados Unidos, convocou no sábado, 23, a nova administração de Joe Biden a "virar a página", declarando-se disposto a estabelecer "um novo caminho" nas relações diplomáticas rompidas entre Caracas e Washington.

“Queremos trilhar um novo caminho de relações com o governo Joe Biden baseado no respeito mútuo, no diálogo, na comunicação e na compreensão", declarou Maduro.

A Venezuela "está disposta a virar a página e construir novos caminhos de respeito, diálogo e comunicação diplomática com o novo governo dos Estados Unidos", completou o mandatário diante de partidários da sacada do palácio presidencial de Miraflores, no centro de Caracas.

O ato coincidiu com as comemorações de 23 de janeiro de 1958, data em que ruiu a ditadura militar de Marcos Pérez Jiménez. Também em dia 23 de janeiro, mas em 2019, o líder da oposição Juan Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela depois que a maioria da oposição que controlava a Assembleia Nacional declarou Maduro um "usurpador", acusando-o de ter sido reeleito graças a uma "fraude" em 2018.

O governo Donald Trump reconheceu imediatamente Guaidó como presidente interino e Maduro respondeu anunciando o colapso das relações entre Caracas e Washington, tensas desde a época do ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013).

“Há dois anos tive que reagir com força e dignidade e, desta mesma sacada, procedi como chefe de Estado para romper todas as relações políticas e diplomáticas com o governo dos Estados Unidos da época”, continuou Maduro. “Trump se foi!”, comemorou.

Antony Blinken, nomeado por Biden como o novo secretário de Estado americano, disse que a Casa Branca continuará a reconhecer Guaidó como representante do governo venezuelano, apesar da nova maioria chavista no Parlamento, após eleições boicotadas pela oposição e não reconhecidas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por países da América Latina.
Blinken chamou Maduro de "ditador brutal".

Guaidó defende a continuidade do antigo Parlamento da oposição diante do questionamento das eleições legislativas de 6 de dezembro passado e, com isso, de sua posição como chefe do Congresso, do qual reivindicou a presidência interina.

Analistas acreditam que o governo Biden será mais moderado e defenderá a mediação internacional para uma transição gradual de poder na Venezuela.

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