Maduro: Maduro anunciou também um aumento no chamado bônus de alimentação (Marcp Bello/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de novembro de 2017 às 21h58.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta-feira um aumento de 30% do salário mínimo no país e também um bônus natalino para 4 milhões de famílias.
"Anuncio um aumento de 30% do salário mínimo nacional e das aposentadorias dos venezuelanos e venezuelanas", afirmou Maduro em um discurso transmitido em rede nacional de rádio e televisão.
Com o reajuste, o quinto realizado por Maduro neste ano, o salário passa de 136.544 bolívares para 177.507 bolívares, o equivalente da US$ 53 na taxa oficial de câmbio.
Maduro anunciou também um aumento no chamado bônus de alimentação, que agora é de 279 mil bolívares, cerca de US$ 83.
O presidente já tinha elevado o salário mínimo em 40% no início de setembro. Com esse aumento, o governo do país reajustou o valor em 39 vezes desde o início da chamada revolução bolivariana.
Além disso, Maduro também anunciou no discurso que 4 milhões de famílias venezuelanas ganharão um bônus natalino de 500.000 bolívares, cerca de US$ 500.
"Aprovei os recursos para entregar um bônus natalino especial para 4 milhões de famílias. São 500.000 bolívares de um bônus através da carteira da pátria", explicou.
A carteira da pátria é um cadastro digitalizado utilizado pelo governo para distribuir comida a preços subsidiados e outros auxílios sociais. A oposição e outras personalidades críticas ao chavismo, como a ex-procuradora-geral Luisa Ortega Díaz, acusam Maduro de utilizar o registro para comprar votos.
O presidente também vai distribuir um CLAP, uma cesta de básica subsidiada, na época do Natal, com todos os ingredientes para fazer a "hallaca", prato típico da festa na Venezuela.
"O que faltar, com esse aumento salarial, as pessoas sairão e comprarão o complemento na rua. Se nos atacam por um lado, nos defendemos pelo outro, mas o povo vai passar seu Natal feliz", afirmou Maduro no discurso.
O CLAP especial natalino, segundo o presidente, será distribuído para 12 milhões de pessoas. A oposição afirma que essa medida tem sido utilizada pelo chavismo para obter vantagem eleitoral, já visando as eleições municipais de dezembro.
A Venezuela tem atualmente a inflação mais alta do mundo e passa por uma grave escassez de alimentos, remédios e outros produtos de necessidade básica.
Outra medida anunciada hoje pelo presidente é a introdução da cédula de 100.000 bolívares, que entra em circulação amanhã.
"A nova cédula é para fortalecer a política de proteção, de seguridade social dos trabalhadores e da família venezuelana, argumentou Maduro.
A Venezuela também enfrenta uma escassez de dinheiro em espécie. O governo diz haver um contrabando de cédulas para a Colômbia.
Por esse motivo, Maduro ordenou que o ministro de Interior e Justiça, Néstor Reverol, monte um esquema de "grande vigilância" na distribuição da nova cédula amanhã.
Outro motivo para a adoção da nota de 100.000 bolívares é a galopante inflação. O Banco Central da Venezuela não divulga dados oficiais desde 2015, mas a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, diz que o índice é de 563,2% apenas em 2017.
A escassez de cédulas gera, diariamente, grandes filas nos bancos. No discurso de hoje, Maduro sugeriu que a solução para o problema é realizar 95% das transações de forma eletrônica, incluindo a compra de passagens de ônibus e de metrô.
"A utilização do dinheiro físico já está sendo substituída no mundo inteiro. Acredito que essa seja a solução, porque essas pessoas vão continuar com a guerra das moedas", afirmou.