Maduro: fala do presidente da Venezuela é uma resposta ao presidente colombiano, Iván Duque, que não reconhece o seu mandato (Miraflores Palace/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de agosto de 2020 às 21h16.
Última atualização em 23 de agosto de 2020 às 13h40.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, garantiu neste sábado que não descarta a compra de armas de guerra de seu aliado Irã, ao responder ao presidente colombiano, Iván Duque, que denunciou na quinta-feira que Caracas prepara a aquisição de mísseis com a ajuda de Teerã.
"A Venezuela não está proibida de comprar o que precisa (...) e se o Irã tiver a possibilidade de nos vender uma bala ou um míssil, e nós tivermos a possibilidade de comprar, boa ideia Iván Duque! O que vou fazer, o que vamos fazer, precisamos avaliar", disse Maduro.
O presidente socialista, cujo segundo mandato a Colômbia não reconhece, junto com cinquenta governos liderados pelos Estados Unidos ao considerar sua reeleição em maio de 2018 "fraudulenta", foi irônico com a afirmação de Duque, que o rotulou de "ditador".
"Que boa ideia, conversar com o Irã e ver que mísseis de curto, médio e longo alcance eles têm e se está dentro de nossas possibilidades, dadas as ótimas relações que temos com o Irã, comprar baterias de mísseis para reforçar a defesa aérea, antiaérea, terrestre e antimísseis da Venezuela", disse Maduro, referindo-se ao ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López.
Duque, citando relatórios de "inteligência", indicou que há interesse "da ditadura de Maduro" em "adquirir mísseis de médio e longo alcance através do Irã".
Maduro lembrou que há anos o país caribenho compra armas russas. "Não é para atacar ninguém, é para nos defender da agressão imperialista", disse Maduro, que acusa Washington de liderar um complô internacional para derrubá-lo, com sanções financeiras que incluem um embargo do petróleo em vigor desde abril de 2019.
Apesar das críticas dos Estados Unidos, a relação entre Caracas e Teerã vem crescendo. Entre maio e junho passado foram enviados cinco navios com 1,5 milhão de litros de gasolina, em meio a uma escassez agravada durante a pandemia de covid-19 no país sul-americano.
No final de julho passado, foi inaugurado em Caracas o primeiro supermercado iraniano, em local desapropriado da rede de hipermercados franco-colombiana Éxito em 2019 pelo ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013).