Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: "se eles (EUA) estiverem em condições, o que eu duvido, de vir com outra atitude, retomaremos os diálogos", disse (AFP / Francisco Batista)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2013 às 22h15.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira que está disposto a relançar as deterioradas relações do seu país com os Estados Unidos, desde que Washington "retifique sua atitude" após um novo atrito entre os dois governos.
A futura embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, disse na semana passada que reagiria à "repressão" na Venezuela, uma declaração recebida com indignação por Maduro, que deu por "terminadas" no fim de semana as tentativas de regularizar as relações diplomáticas.
Os dois países têm relações cheias de altos e baixos nos últimos 14 anos de construção do socialismo na Venezuela. No mês passado, em um movimento de aproximação, o chanceler Elías Jaua se reuniu na Guatemala com o secretário norte-americano de Estado, John Kerry.
"Se eles (EUA) estiverem em condições, o que eu duvido, de vir com outra atitude, retomaremos os diálogos ... Convoco o governo dos Estados Unidos para que retifique sua atitude imperial sobre a América Latina e o Caribe, e sua atitude de agressão permanente contra a Venezuela", disse Maduro, eleito neste ano para suceder o falecido Chávez, durante visita ao Estado de Monagas, no leste da Venezuela.
Power, jornalista e ex-assessora de direitos humanos do presidente Barack Obama, se comprometeu na semana passada durante sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado a "responder à repressão à sociedade civil que está ocorrendo em países como Cuba, Irã, Rússia e Venezuela".
"Quando se retificarem, aqui os esperamos com nossa mão e nosso sorriso de sempre", afirmou Maduro.
O presidente também acusou o Departamento de Estado norte-americano de ter recebido o ex-diretor da estatal petroleira PDVSA, Mario Burelli, para supostamente tramar junto com a oposição venezuelana um "ataque" contra o governo de Caracas.
"Uma loucura que o Departamento de Estado abra as portas a um personagenzinho como este. Até aqui chego, enquanto os senhores não (nos) respeitarem não nos falaremos", enfatizou.
Meses atrás, os EUA evitaram reconhecer de imediato a apertada vitória eleitoral de Maduro sobre o candidato oposicionista Henrique Capriles.
Mais recentemente, as relações bilaterais sofreram outro abalo por causa da decisão de Maduro de oferecer asilo a Edward Snowden, ex-técnico de inteligência que revelou ao mundo os programas secretos de espionagem do governo norte-americano.
Venezuela e Estados Unidos não mantêm embaixadores em Washington e Caracas, mas a atividade consular entre os dois países funciona normalmente, e os EUA continuam sendo o principal comprador do petróleo venezuelano.