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Maduro diz estar disposto a negociar com os Estados Unidos

Em entrevista a um jornal americano, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que tentou conversar com Trump várias vezes

Venezuela: "Não importa quantas sanções eles ponham em prática, eles não vão nos deter, nem a Venezuela", disse Maduro (Montagem/Exame)

Venezuela: "Não importa quantas sanções eles ponham em prática, eles não vão nos deter, nem a Venezuela", disse Maduro (Montagem/Exame)

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EFE

Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 09h29.

Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 10h18.

Washington — O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse em uma entrevista ao jornal "The Washington Post" que está disposto a entrar em negociações diretas com os Estados Unidos.

"Se houver respeito entre os governos, por maior que seja o tamanho dos Estados Unidos, com respeito e diálogo, com a troca de informação e comunicação verdadeiras, tenha certeza de que um novo tipo de relacionamento pode ser construído", afirmou Maduro, de acordo com a versão espanhola da entrevista divulgada neste domingo.

"Em uma relação de respeito e de diálogo, tudo é ganha-ganha. Em uma relação de confronto, tudo é perde-perde. Essa é a fórmula", acrescentou o chefe de Estado.

Nesse sentido, o presidente da Venezuela garantiu que tentou em várias ocasiões tentou contatar diretamente o chefe de Estado americano, Donald Trump.

O "Washington Post" noticiou recentemente que Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Trump, acompanhou de perto um telefonema feito por Maduro ao então legislador republicano Peter Sessions, no fim de 2018.

Segundo o jornal, Maduro admitiu não ter ouvido a voz de Giuliani durante a conversa, mas sabia que o ex-prefeito de Nova York estava presente na ligação e esperava poder de alguma forma mediar um canal direto para Trump.

"Claro, na época ele era conhecido por sua proximidade com Trump como seu advogado. Sabíamos que ele era uma pessoa que podia transmitir essa mensagem diretamente. Neste momento, já não sei mais, porque muita coisa aconteceu com a Ucrânia e o impeachment", ponderou.

Na opinião do presidente venezuelano, se fosse iniciado um diálogo com Washington, o ponto-chave que ele, os EUA e a oposição deveriam buscar seria chegar a um acordo sobre eleições livres e justas, embora isso seja difícil. "Acho que temos de pensar mais sobre as relações de daqui a cinco anos, dez anos e o resto do século XXI", destacou.

A entrevista de uma hora com o "Washington Post" foi realizada na sexta-feira à noite no palácio presidencial de Miraflores. Durante o encontro, Maduro destacou que ainda está disposto a se sentar com o líder oposicionista Juan Guaidó, que é reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 nações, incluindo os Estados Unidos e o Brasil.

Entretanto, segundo o jornal, ele não parece ser a favor de aceitar a exigência da oposição de que ele deixe o poder para permitir um governo de transição.

Quanto às sanções impostas pelos EUA e as que a União Europeia está pesando, o líder venezuelano garantiu que não se importa. "Não me interessa nem um pouco o que a Europa faz ou o que os Estados Unidos fazem. Nós não nos importamos em nada. Nós só nos preocupamos com o que fazemos. Não importa quantas sanções eles ponham em prática, eles não vão nos deter, nem a Venezuela", destacou.

O "Washington Post" lembrou que esta é a primeira entrevista com um conhecido meio de comunicação americano desde que Maduro interrompeu abruptamente uma com a "Univision", em fevereiro do ano passado, e deportou os jornalistas do país.

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