Presidente venezuelano: Maduro lembrou que, na semana passada, ministros de Relações Exteriores da Unasul criaram comissão para “acompanhar, apoiar e assessorar” a situação na Venezuela (AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2014 às 13h06.
Bogotá - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que espera receber na semana que vem a delegação de chanceleres dos países que compõem a União de Nações Sul-americanas (Unasul) em Caracas, para uma Conferência Nacional de Paz.
“Na próxima semana, os chanceleres da Unasul virão nos visitar, e há também presidentes que querem vir à Venezuela para respaldar a democracia e a paz do povo venezuelano”, disse ele na noite de ontem (18), durante pronunciamento de rádio em cadeia nacional.
Maduro lembrou que, na semana passada, os ministros de Relações Exteriores da Unasul reuniram-se de forma extraordinária em Santiago, capital chilena, e criaram uma comissão para “acompanhar, apoiar e assessorar” a situação na Venezuela.
Durante a reunião em Santiago, os chanceleres aprovaram uma resolução na qual apoiam o governo venezuelano no diálogo com setores sociais, forças políticas, econômicas e estudantis do país e informaram que não aceitam a interferência dos Estados Unidos na Venezuela.
Com protestos diários há quase 40 dias e mais de 29 mortos, o governo tenta dialogar com setores opositores em um cenário bastante polarizado. No entanto, a maioria dos partidos de oposição e parte do movimento estudantil ainda não aceitaram o diálogo, alegando que o governo tem reprimido de maneira “arbitrária e abusiva” as manifestações.
Opositores também alegam que, para iniciar uma conversa, é preciso antes estabelecer uma agenda. Internamente, o governo Maduro promove conferências regionais de paz, enquanto mantém algumas regiões militarizadas, principalmente nos estados opositores, mais resistentes ao diálogo e ao fim dos protestos.
A Comissão Especial da Unasul vai acompanhar e observar esse cenário. De um lado, há pedidos de diálogo e de paz de ambas as partes, de outro, troca de acusações e hostilidades.
Um exemplo é a discussão sobre a autoria dos atos violentos em meio aos protestos e da resistência de alguns grupos para retirada de bloqueios de vias. O governo diz que os ataques são financiados e executados por grupos de extrema direita.
A oposição devolve as acusações ao governo e diz que os atos de vandalismo e agressões vêm de grupos armados civis, apoiados pelo próprio Executivo. A série de protestos começou no estado opositor de Táchira, fronteira com a Colômbia, com estudantes que protestavam contra a violência.
Também há queixas de desabastecimento, alta inflação e falta de liberdade de expressão. O governo, embora admita a existência de problemas, alega que existe um complô da mídia internacional e da oposição contra a estabilidade e a democracia no país.